PGR pede que PF investigue R$ 17 milhões via Pix enviados a Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou na quarta-feira, 18 de outubro, que a Polícia Federal (PF) investigue as doações feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) através do sistema de pagamento Pix. A solicitação de investigação foi iniciada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fábio Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO), juntamente com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que alegam possível envolvimento do ex-presidente em crimes contra a economia popular e estelionato.
A PGR optou por não abrir um novo inquérito para examinar as doações, argumentando que os parlamentares não tinham competência para apresentar o pedido diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, sugeriu que a questão fosse encaminhada à Polícia Federal. A decisão final ficará a cargo do ministro Alexandre de Moraes.
Conforme a PGR, a unidade de Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores da Polícia Federal, especializada em investigações envolvendo autoridades, deverá averiguar se existe uma ligação entre as doações e a investigação sobre as milícias digitais, na qual Bolsonaro é um dos investigados.
“É de relevância encaminhar a representação à Polícia Federal para verificar se as informações fornecidas nesta representação estão efetivamente relacionadas ao objeto destes autos. Especialmente se as transações incomuns, relatadas pelo Coaf à mencionada CPMI, foram realizadas por doadores envolvidos na organização criminosa investigada nestes autos”, afirma um trecho do parecer da Procuradoria.
O subprocurador Carlos Frederico Santos, signatário do documento, fez críticas contundentes aos parlamentares, argumentando que os políticos estão recorrendo ao STF com o intuito de ganhar visibilidade midiática, e que as representações devem ser encaminhadas ao Ministério Público. “A intervenção parlamentar nestes autos é inaceitável”, escreveu.
As contribuições destinadas a Bolsonaro totalizaram a quantia de R$ 17 milhões, distribuídos em 769 mil transações durante o primeiro semestre de 2023. A campanha teve início para auxiliar o ex-presidente a quitar multas impostas em processos judiciais.