
PM da reserva muda versão e alega ter atirado em universitário por ‘movimentos suspeitos’ na moto
Relato inicial afirmava que estudante estava armado, mas nova declaração contradiz versão anterior; família pede justiça.
O policial militar da reserva Carlos Alberto de Jesus alterou sua versão sobre o disparo que atingiu o universitário e repórter esportivo Igor Melo de Carvalho na noite de segunda-feira (25), na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Inicialmente, Carlos declarou que atirou ao perceber que Igor estava armado. No entanto, em um novo depoimento, ele mudou a narrativa e afirmou que atirou após notar “movimentos suspeitos” do jovem enquanto ele estava em uma motocicleta.
A esposa do policial, Josilene da Silva Souza, também apresentou versões inconsistentes sobre o ocorrido. Ela relatou ter sido vítima de um assalto cometido por dois homens em uma moto e alegou que um deles, supostamente Igor, a ameaçou com uma arma. Após o crime, Carlos decidiu buscar os suspeitos e, ao avistar Igor, disparou contra ele.
O universitário, que trabalha como garçom e também cobre notícias do Botafogo em um site esportivo, foi gravemente ferido, perdeu um rim e segue internado em estado crítico. Sua família nega qualquer envolvimento com o crime e pede justiça. A polícia segue investigando as circunstâncias do disparo, enquanto especialistas apontam que a mudança na versão do PM e os relatos desencontrados de sua esposa lançam dúvidas sobre a legitimidade da ação.
O caso gerou grande comoção e reabriu debates sobre segurança pública, uso excessivo da força e a vulnerabilidade de jovens negros em situações de abordagem policial. O secretário de Segurança do Rio afirmou que ainda é cedo para avaliar a conduta do PM, mas prometeu que o caso será analisado com rigor.