PM perde a patente após receber grana do PCC e ainda reclamar do valor
A Polícia Militar de São Paulo (PMSP) decidiu retirar a patente do cabo Thiago Farias, conhecido como “Alemão da Grande”, do 22º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, após ele ter sido condenado a 68 anos de prisão por envolvimento em um esquema de propina com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Farias foi preso junto com outros 52 militares do 22º BPM-M, denunciados pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por colaboração com o PCC. Nas investigações, foram encontrados R$ 47,6 mil em dinheiro na residência de Farias. Em diálogos interceptados, o policial chegou a questionar o valor da propina recebida.
A perda da patente foi decretada pela PMSP quase cinco anos após a condenação pela Justiça Militar em 2019. Segundo a denúncia do MPSP, os policiais tinham o papel de não reprimir o tráfico de drogas, facilitando-o, não se aproximando dos pontos de venda, informando sobre operações policiais e até mesmo alterando documentos públicos para evitar apreensões.
Farias, citado 108 vezes na denúncia, era apontado como intermediário entre PMs e traficantes do PCC, negociando horários e locais para o pagamento de propinas. Em uma conversa interceptada, ele reclamou do valor repassado pelo PCC, questionando: “É isso aí mesmo?”.
O caso resultou no maior processo criminal na Justiça Militar do país, com 42 militares condenados a penas variadas de 5 a 83 anos de prisão. Em julho de 2019, Farias foi sentenciado a 68 anos de prisão em regime fechado, mas ainda recebia salário mensal de R$ 4,9 mil como servidor público. A decisão da PM retirou sua graduação, representando a perda de seu grau hierárquico dentro da corporação.