
Polêmica e Conspiração: Padre e líder de Caminhoneiros de MT Citados em Investigação de Suposto golpe
Religioso com milhões de seguidores e articulador de manifestações são alvos de relatório da PF sobre tentativa de Suposto golpe em 2022
O padre Paulo Ricardo, de Várzea Grande (MT), e Lucas Rotilli Durlo, chamado de “líder dos caminhoneiros”, aparecem como personagens centrais no relatório da Polícia Federal (PF) que detalha uma tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Ambos são apontados como apoiadores ativos de Jair Bolsonaro (PL) e foram mencionados em trocas de mensagens envolvendo planos golpistas.

O padre que mistura púlpito e política
Com 5,8 milhões de seguidores nas redes sociais, o padre Paulo Ricardo é conhecido por suas palestras e cursos sobre doutrina católica, mas também por discursos polarizadores contra a esquerda e em defesa de Jair Bolsonaro. Em conversas reveladas pela PF, ele aparece dialogando com o padre José Eduardo, de Osasco (SP), sobre a possibilidade de manter Bolsonaro no poder, em plena noite de Natal de 2022.
O religioso ganhou notoriedade na internet, sobretudo por vídeos polêmicos, como o de 2011, em que critica o desarmamento, e também por uma foto segurando uma arma ao lado de Olavo de Carvalho. Sua relação com Bolsonaro foi fortalecida em eventos como palestras conjuntas em que ambos defendiam valores da chamada “família tradicional”.
O “líder dos caminhoneiros” e sua ligação com o suposto plano golpista
Lucas Rotilli Durlo, apelidado de “Lucão”, também foi destaque no relatório da PF. Ele teria articulado ações golpistas diretamente com o general Mario Fernandes, autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía até assassinatos de figuras como Lula e Alexandre de Moraes.
Mensagens extraídas do celular do general mostram Lucas pedindo orientação sobre manifestações em Brasília e solicitando ajuda para proteger caminhões usados nos protestos. Em uma entrevista de 2022, Lucão incentivava outros caminhoneiros a se unirem para impedir a posse de Lula, afirmando que era necessário reunir “mil caminhões” na capital federal.
Relatório da PF expõe trama detalhada
O documento da PF, que ultrapassa 800 páginas, aponta como lideranças religiosas, militares e civis colaboraram em ações para desestabilizar o processo democrático. O padre José Eduardo, colega de Paulo Ricardo, é citado como autor de uma “oração ao golpe” e também foi indiciado.
A investigação lança luz sobre as conexões entre líderes religiosos, apoiadores de Bolsonaro e integrantes das forças armadas em um esforço que a PF descreve como um ataque sem precedentes à democracia brasileira.