Polêmica em São Paulo: Retorno de Motos por Aplicativo Divide Opiniões

Polêmica em São Paulo: Retorno de Motos por Aplicativo Divide Opiniões

99 anuncia serviço mesmo com decreto proibitivo; prefeito Ricardo Nunes promete barrar operação judicialmente

A volta do serviço de transporte por motos via aplicativo da empresa 99 reacendeu o debate em São Paulo. Anunciada nesta terça-feira (14), a modalidade já está disponível fora do centro expandido da cidade e deve ser expandida gradualmente. Contudo, a iniciativa enfrenta resistência direta da Prefeitura, que considera a operação ilegal e perigosa.

Conflito Entre Legislações

O prefeito Ricardo Nunes criticou duramente a decisão da 99, chamando-a de “carnificina”. Desde 2023, um decreto municipal proíbe a operação de motos por aplicativo na capital, mas a empresa alega respaldo na legislação federal que regula a mobilidade urbana.

“Aqui não é terra sem dono. Já nos reunimos várias vezes com representantes da empresa, deixamos claro que não há autorização. A cidade enfrenta um aumento alarmante de acidentes envolvendo motos. Essa iniciativa é irresponsável e coloca vidas em risco. Entraremos hoje com uma ação judicial e intensificaremos a fiscalização”, afirmou Nunes em entrevista.

Ele foi além, acusando a empresa de agir de forma predatória:
“Essas empresas levam muito dinheiro para fora e deixam o caos aqui. Isso é inaceitável.”

A Resposta da 99

Em nota, a 99 defendeu o retorno do serviço, apontando que a Lei Federal de Mobilidade Urbana (2018) permite o transporte individual privado mediado por aplicativos, seja por carros ou motos.

A empresa destacou ainda que implementou mais de 50 medidas de segurança para proteger motoristas e passageiros. Entre elas:

  • Monitoramento em tempo real das corridas;
  • Alertas de velocidade com avisos sonoros e visuais;
  • Botão de emergência e central de atendimento 24 horas.

A 99 argumenta que a expansão do serviço será feita de forma gradativa e responsável.

Preocupações com Segurança

A principal crítica do prefeito se baseia nos números alarmantes de acidentes de trânsito envolvendo motos. São Paulo tem 1,3 milhão de motocicletas registradas, e os índices de colisões e mortes envolvendo esses veículos continuam crescendo.

“Os estudos apresentados pela Prefeitura mostram que o aumento desse tipo de serviço agrava os problemas de trânsito e sobrecarrega o sistema de saúde. Não vamos aceitar que vidas sejam colocadas em risco”, reforçou Nunes.

Próximos Passos

O embate deve ser decidido na Justiça, enquanto a Prefeitura promete fiscalizar rigorosamente o serviço. Segundo o prefeito, motos que forem flagradas operando para aplicativos podem ser apreendidas e os motoristas multados.

Esse impasse entre uma empresa gigante do setor de tecnologia e a administração pública municipal levanta questões sobre o equilíbrio entre inovação, segurança e regulação. O desfecho desse caso terá impacto não só em São Paulo, mas pode servir de modelo para outras cidades no país.

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