Polícia Federal investiga produtoras de funk por lavagem de dinheiro para o PCC
A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre a suspeita de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), realizado por meio de produtoras de funk em São Paulo. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foram enviados à PF, indicando movimentações financeiras milionárias e suspeitas nas contas das produtoras GR6 Eventos e Love Funk, ambas com grande presença nas redes sociais.
A Love Funk, também conhecida como Formato Funk Agenciamento Artístico Ltda, recebeu R$ 18,1 milhões em sua conta em um período de seis meses em 2021, apesar de ter declarado um faturamento mensal médio de apenas R$ 100 mil. Já a GR6 Eventos, alvo de 120 comunicações de operações suspeitas, movimentou R$ 9,6 milhões em dinheiro vivo entre 2017 e 2021, sendo metade desse valor durante a pandemia.
A investigação começou a partir de uma conversa testemunhada por um policial federal em uma padaria em Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, em agosto de 2021. Um indivíduo afirmou estar ganhando dinheiro com atividades relacionadas ao tráfico, utilizando veículos para transportar mercadorias lícitas durante a semana e realizando atividades ilícitas nos fins de semana para o PCC.
A PF identificou transações suspeitas, como um pagamento de R$ 150 mil da GR6 Eventos recebido da empresa FWM Produções e Eventos, ligada a um líder do PCC executado em 2018. Além disso, a Love Funk foi mencionada em uma transferência de R$ 2,4 mil feita por uma enteada de um familiar próximo ao líder do PCC, Marcola.
A juíza federal Renata Andrade Lotufo, que encaminhou o caso para a Justiça estadual, afirmou que os investigados estariam ligados à “sintonias finais” do PCC, responsáveis por comandar a facção junto com Marcola. A PF suspeita que as produtoras estejam envolvidas na lavagem de dinheiro obtido com a venda de drogas pelo PCC. As produtoras negaram qualquer ligação com as alegações da investigação.