
Preço do Ovo Sobe 21% em Campinas, com Calor Extremo e Outros Fatores como Causas
A alta no custo do produto é impulsionada pelo aumento nas temperaturas, dificuldades de produção e maior demanda durante a quaresma.
O preço da caixa com 30 dúzias de ovos aumentou 21,7% na região de Campinas (SP) em fevereiro deste ano, quando comparado com o mesmo mês de 2024, de acordo com a Universidade de São Paulo (USP). Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o calor extremo é uma das principais causas dessa alta.
A pesquisa, realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apontou que o valor da caixa comercializada no atacado chegou a R$ 202,52, o que representa um aumento de 38,8% em relação a janeiro de 2025.
A zootecnista Giseli Neri identificou três fatores principais para o aumento no preço dos ovos: a elevação no custo de produção — incluindo alimentação e embalagem —, o calor intenso, e o aumento da demanda durante o período da quaresma. “Quando as galinhas começam a sentir o calor, a produtividade delas diminui”, explica.
Outro fator destacado é o aumento das exportações, impulsionado pela crise da gripe aviária, que afetou a produção de ovos em diversos países. Com isso, o Brasil viu um aumento na demanda externa, o que reduziu a oferta interna.
As altas temperaturas impactam diretamente a produção dos ovos, pois o estresse térmico nas galinhas, que ocorre quando as temperaturas superam os 27 °C, provoca a redução na quantidade e na qualidade dos ovos. A zootecnista também alertou que, além de uma produção menor, a qualidade das cascas dos ovos também diminui, o que pode resultar em perdas por quebra.
O calor excessivo também contribui para o aumento da mortalidade das galinhas, o que impacta ainda mais o mercado, uma vez que esses animais têm um ciclo de vida longo, demorando entre 18 e 19 semanas para começar a produzir ovos.
No entanto, outros fatores também estão influenciando os preços. A alimentação das galinhas, que compõe cerca de 70% do custo de produção, sofreu aumento, especialmente no preço do milho. Além disso, os produtores têm que investir em ventiladores e nebulizadores para tentar amenizar o calor nas granjas, o que eleva ainda mais os custos.
A zootecnista também destacou que o aumento no consumo de ovos durante a quaresma, período que antecede a Páscoa, é um fator recorrente. “Durante a quaresma, as pessoas consomem menos carne e substituem com mais ovos”, diz ela.
Para o futuro, as expectativas são de que o preço do ovo comece a diminuir com o fim da quaresma e a chegada do outono, quando as temperaturas mais amenas devem melhorar a produtividade das galinhas. “Quando as galinhas se sentirem mais confortáveis, elas vão produzir mais ovos para a gente”, conclui Giseli Neri.