Prefeitura de São Paulo Ergue Muro na Cracolândia e Entra em Polêmica

Prefeitura de São Paulo Ergue Muro na Cracolândia e Entra em Polêmica

Medida divide opiniões entre segurança e exclusão social

A Prefeitura de São Paulo construiu um muro de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura na região da Cracolândia, no centro da cidade, com o objetivo de delimitar a área ocupada por usuários de drogas. Localizado na Rua General Couto Magalhães, próximo à estação da Luz, o muro substitui antigos tapumes de metal e, junto com gradis, confina os usuários em um espaço triangular formado pelas ruas dos Protestantes e dos Gusmões.

Justificativa e Controvérsias

De acordo com a prefeitura, a medida busca melhorar o atendimento aos usuários, aumentar a segurança das equipes de saúde e assistência social, além de facilitar o tráfego de veículos na região. O órgão municipal também relatou uma redução média de 73% no número de pessoas na área em 2024, em comparação com o ano anterior.

Entretanto, o coletivo Craco Resiste e ativistas dos direitos humanos criticam duramente a ação, argumentando que a construção do muro cria uma espécie de “campo de concentração” para os usuários. Roberta Costa, representante do coletivo, afirma que a estrutura visa esconder a realidade da Cracolândia de quem transita pela área.

“Esse muro foi levantado para invisibilizar as pessoas. Quem tenta sair do espaço ou permanecer fora da grade é frequentemente repelido com spray de pimenta pelas autoridades,” disse Roberta.

Impactos e Redistribuição de Usuários

Embora o fluxo de pessoas na Cracolândia tenha diminuído, novas aglomerações de usuários surgiram em outras áreas da capital, como a Avenida Jornalista Roberto Marinho, na Zona Sul, e a Rua Doutor Avelino Chaves, na Zona Oeste.

Dados mostram que o número de atendimentos no hub de cuidados para dependentes químicos no Centro, administrado pelo governo estadual, continua aumentando. Isso indica que a dependência química permanece um problema crescente, apesar das tentativas de contenção na região central.

A medida é vista como uma tentativa controversa de controlar uma crise social e de saúde pública, reacendendo debates sobre a humanização no atendimento aos dependentes químicos e as soluções para a Cracolândia.

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