Produtora que alterou Hino Nacional tem captação de R$ 4,3 mi pela Lei Rouanet
O governo Lula deu o sinal verde para que a Zion Produções, a mesma empresa por trás do polêmico comício de Guilherme Boulos, onde o Hino Nacional foi alterado para linguagem neutra, possa captar R$ 4,3 milhões através da Lei Rouanet. Essa autorização foi concedida pelo Ministério da Cultura em 13 de março, mas, segundo informações oficiais, não tem qualquer vínculo direto com o evento de Boulos. A quantia captada será destinada a um festival de música, e a produtora tem até 30 de setembro de 2024 para arrecadar os recursos.
A Zion Produções, que organizou o comício de Boulos no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, também estava por trás do episódio onde a cantora, contratada pela empresa, modificou a última estrofe do Hino Nacional, trocando “dos filhos deste solo és mãe gentil” por “des files deste solo és mãe gentil”. O incidente gerou tanta polêmica que Boulos, percebendo o burburinho negativo, decidiu romper com a empresa. Antes disso, a campanha do PSol já havia emitido uma nota se desvinculando da decisão, alegando que não tinha solicitado ou autorizado a mudança na letra do hino.
Além desse episódio controverso, a Zion Produções tem um histórico de colaboração com o presidente Lula. A empresa organizou diversos eventos para o petista durante sua campanha presidencial de 2022, incluindo uma “super-live” de artistas pró-Lula, que teve a mão da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, na organização. Pela live, a produtora embolsou R$ 450 mil, conforme os registros da prestação de contas do presidente à Justiça Eleitoral.
A Zion também esteve à frente do “Festival do Futuro”, realizado no dia da posse de Lula em 1º de janeiro de 2023, em Brasília, onde vários artistas se apresentaram. E a parceria não parou por aí: já durante o governo, a empresa organizou o “Festival Pororoca” no Central Park, em Nova York, durante a Assembleia-Geral da ONU, além de um jantar temático para Lula e Janja em Dubai, durante a COP28.
Esse enredo, recheado de autorizações milionárias e eventos glamorosos, levanta questões sobre as prioridades culturais do governo, e deixa um gosto amargo para quem vê na Lei Rouanet uma ferramenta para democratizar o acesso à cultura, e não apenas para financiar festivais e lives de luxo.