Propina milionária e tráfico: policial que extorquia cafetões é demitido em SP
Agente envolvido em esquema de R$ 400 mil por mês cai após investigações e denúncias
Um esquema de corrupção que movimentava cerca de R$ 400 mil mensais chegou ao fim com a demissão de Anderson Maciel de Moraes, agente da Polícia Civil de São Paulo. A decisão foi tomada pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, após investigações apontarem que o policial extorquia donos de pontos de prostituição e jogos de azar no centro da capital paulista.
Moraes, que atuava no 12º Distrito Policial, no Pari, era o responsável por recolher os valores pagos pelas vítimas em troca de proteção e informações privilegiadas sobre operações policiais. Na casa do agente, a Corregedoria e o Ministério Público encontraram R$ 300 mil em espécie, além de drogas como maconha, crack e cocaína já embaladas para venda.
Diálogos reveladores e investigação implacável
Por dois meses, Moraes foi monitorado enquanto se encontrava com as vítimas para receber os pagamentos. Conversas interceptadas pela Justiça mostraram o policial cobrando propinas e lembrando empresários das datas de pagamento. Em uma delas, um lojista confessa ter “esquecido” da dívida, ao que Moraes responde de forma categórica: “Mas eu lembro de você.”
As buscas também revelaram uma vasta quantidade de drogas e anotações financeiras em outra delegacia da região central, além de envolvimento de outros policiais. Apesar das evidências, Moraes conseguiu liberdade provisória e recorreu de sua condenação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas teve o pedido negado.
Corrupção exposta e exoneração exemplar
A demissão foi decretada após um Processo Administrativo Disciplinar que concluiu o envolvimento do agente em crimes como tráfico de entorpecentes e extorsão. Derrite classificou a decisão como uma resposta necessária para preservar a integridade da Polícia Civil.
O caso, que revela um profundo desvio de conduta dentro das forças de segurança, expõe as fragilidades no sistema de controle interno e levanta questionamentos sobre o impacto da corrupção na segurança pública em São Paulo.