PT muda o jogo e apoia CPI do INSS para mirar fraudes do governo Bolsonaro

PT muda o jogo e apoia CPI do INSS para mirar fraudes do governo Bolsonaro

Fabiano Contarato, único petista a assinar o pedido da comissão, age em sintonia com o Planalto, que tenta evitar desgaste e manter o controle da investigação

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) surpreendeu ao anunciar nesta quinta-feira (15) que assinou o pedido de instalação da CPI do INSS, que vai investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social. Embora o gesto pareça contraditório à primeira vista, na prática ele segue a linha estratégica do Palácio do Planalto: garantir que as apurações tenham foco nos desvios cometidos durante o governo Jair Bolsonaro (PL), e não na atual gestão.

Até agora, Contarato foi o único parlamentar do PT a apoiar oficialmente a criação da comissão. Em publicação nas redes sociais, o senador foi direto ao apontar o alvo: “É preciso ir até o fundo desse esquema que operava no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu, reforçando a tese petista de que o problema é uma herança da gestão anterior.

Segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, os descontos indevidos em aposentadorias e pensões começaram em 2019, no governo Bolsonaro, e só foram interrompidos em 2024. De acordo com fontes do governo, a estratégia agora é assumir o controle da CPI, indicando nomes aliados para posições-chave, como a relatoria — que deve ficar com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), próxima do vice-presidente Geraldo Alckmin.

A proposta da CPI foi protocolada no Congresso na segunda-feira (12) com apoio mais do que suficiente: 39 senadores e 230 deputados assinaram o pedido — ultrapassando com folga o mínimo exigido de 27 senadores e 171 deputados.

Dentro do governo, a avaliação é que seria mais arriscado tentar barrar a investigação e acabar criando uma crise política. A saída encontrada foi encampar a CPI, direcionando os holofotes para os erros da administração anterior e mostrando que a gestão atual está empenhada em corrigir falhas e punir os responsáveis.

Enquanto a oposição tenta emplacar a narrativa de que o problema se agravou sob Lula, o governo se antecipa e tenta transformar a comissão em uma vitrine para expor o passado e blindar o presente.

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