
PT Tenta Blindar Janja, Mas Campanha Vira Fiasco nas Redes
Ação “Estou com Janja” não empolga, recebe pouco apoio e expõe desgaste da primeira-dama após gafe na China
O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma campanha nas redes sociais na última quinta-feira (22) para defender a primeira-dama, Janja Lula da Silva, depois da repercussão negativa causada por sua fala durante um encontro com o presidente da China, Xi Jinping. A iniciativa, batizada de “Estou com Janja”, tentava estancar as críticas, mas acabou flopando na internet.
A proposta era gerar mobilização e apoio à esposa de Lula, que se envolveu numa saia justa internacional ao comentar sobre regulação das redes sociais — citando, justamente, o TikTok, plataforma controlada por uma empresa chinesa. Segundo relatos, a intervenção de Janja pegou mal, desconcertou autoridades estrangeiras e desviou o foco da reunião diplomática.
Campanha sem eco
Apesar dos esforços do PT, a campanha teve um alcance muito abaixo do esperado. Até sábado (24), a hashtag #EstouComJanja mal ultrapassava cem publicações no Instagram, além de repercussão morna no X (antigo Twitter). Para quem esperava um movimento de solidariedade, o silêncio foi ensurdecedor.
O partido tentou reforçar que Janja estava levantando uma pauta legítima: a criação de um ambiente digital mais seguro, especialmente para mulheres, crianças e adolescentes, alvos frequentes de ataques e crimes virtuais. Inclusive, a primeira-dama da França, Brigitte Macron, chegou a gravar um vídeo em apoio à brasileira.
“Não sou enfeite de porcelana”, rebate Janja
Diante da avalanche de críticas, Janja reagiu. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ela disparou:
— “Quer dizer que eu não posso falar? Eu não sou um biscuit de porcelana. Não vou a um jantar só para acompanhar meu marido. E ele nunca me disse: ‘fique quieta, não fale’”, afirmou, em tom de indignação.
Lula, por sua vez, entrou em cena para defendê-la. Disse que foi ele quem pediu que Janja tomasse a palavra, e reforçou que ela “não é uma cidadã de segunda classe e entende mais de redes digitais do que eu”. Segundo o presidente, Janja só explicou o que acontece no Brasil em relação aos ataques nas redes, principalmente contra mulheres e crianças.
A crise que veio da China
O episódio, no entanto, não ficou só na defesa da primeira-dama. Ele abriu mais uma frente de desgaste para o governo, que já enfrenta dificuldades na articulação política e na condução de temas sensíveis como a regulação das redes — pauta que, dentro e fora do Brasil, é altamente controversa.
Enquanto isso, a tentativa do PT de transformar Janja em símbolo da luta contra o ódio digital não encontrou respaldo na sociedade. E o que era para ser uma demonstração de força, acabou revelando isolamento.