Punição ou Exagero? STF Condena 265 Pelo 8 de Janeiro, Mas 476 Fecham Acordos para Fugir do Tribunal
Sentenças Rígidas e Acusações Levantam Questionamentos sobre Justiça e Desproporção nas Condenações
O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 265 pessoas envolvidas nos eventos de 8 de janeiro, mas o que chama atenção é o peso das sentenças. A grande maioria, 223, foi condenada pela participação na invasão e vandalismo nos Três Poderes em Brasília, com penas que chegam a impressionantes 17 anos de prisão. Se as ações exigem punição, as penalidades impostas levantam a dúvida: isso não está indo longe demais?
Enquanto isso, 476 acusados optaram por fechar acordos com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para evitar o julgamento. Admitindo os crimes, essas pessoas se comprometeram a pagar multas, prestar serviços comunitários e frequentar um curso sobre democracia — uma punição que, frente às duras sentenças dos outros réus, quase soa como um privilégio para quem poderia estar respondendo criminalmente.
Os envolvidos nos atos de 8 de janeiro foram divididos em categorias: executores, incitadores, financiadores e autoridades. Até agora, apenas os dois primeiros grupos foram julgados. Os executores, que praticaram os atos mais graves, enfrentaram acusações de golpe de Estado, destruição do patrimônio e associação criminosa, enquanto os incitadores, com delitos considerados “menos graves”, foram condenados por incitação ao crime. Em ambos os casos, o relator, ministro Alexandre de Moraes, permitiu que acordos fossem avaliados.
Dos 265 condenados, as penas dos executores são as mais duras. Para muitos, isso soa como um recado forte demais, especialmente considerando a leniência oferecida a outros envolvidos, que, com acordos mais brandos, escapam de um julgamento que poderia resultar em anos de prisão.
Até o momento, apenas quatro réus foram absolvidos, entre eles três pessoas em situação de rua que se encontravam no local dos atos. A investigação sobre financiadores e autoridades, concluída pela Polícia Federal no final de outubro, apontou responsabilidades na Polícia Militar, no Gabinete de Segurança Institucional e na Secretaria de Segurança Pública do DF, destacando “falhas evidentes” do ex-secretário Anderson Torres e também do governador Ibaneis Rocha.