Putin coloca Brasil, China e Índia como possíveis mediadores da paz com a Ucrânia
Em uma reviravolta digna de roteiro de filme, o presidente russo Vladimir Putin, em pleno Fórum Econômico Oriental em Vladivostok, jogou uma nova carta sobre a mesa ao mencionar Brasil, China e Índia como potenciais mediadores para negociar a paz com a Ucrânia.
Antes, Putin se mostrava inflexível, afirmando que qualquer movimento de suas tropas tinha o objetivo de pressionar os ucranianos a negociar, algo que ele mesmo descartou como improvável. Agora, a narrativa muda: Putin admite que a incursão na Ucrânia não teve o efeito desejado, apesar da Rússia continuar avançando na região de Donetsk. De um lado, ele diz que a ofensiva foi um fracasso em enfraquecer suas forças; de outro, continua pressionando pela negociação sob suas condições, que incluem a anexação de territórios e a neutralidade da Ucrânia – condições que Kiev, evidentemente, não aceita.
O novo discurso de Putin não é meramente uma mudança de tom; é uma estratégia calculada. A menção aos BRICS – grupo do qual também fazem parte África do Sul, China e Índia – é um movimento estratégico que remete aos esforços anteriores da China para mediar a crise. Com a pressão das ofensivas e a dinâmica das alianças internacionais, essa sugestão de mediação aparece quase como um ato desesperado para desviar o foco.
Para o Brasil, a proposta de Putin é como um presente envenenado. O presidente Lula, que inicialmente tentou intervir no conflito, teve sua posição minada por declarações infelizes e a subsequente aproximação com a China. A tentativa de Lula de se posicionar como mediador se transformou em uma dança complexa, com o Brasil se vendo em um papel delicado e dividido entre as potências globais.
O cenário global está em um equilíbrio precário, e a reunião do BRICS prevista para outubro em Kazan promete trazer novas tensões. O Itamaraty, que não via a cúpula como uma oportunidade para discutir a Ucrânia, agora se vê diante de uma nova equação com a inclusão da Ucrânia no debate.
Enquanto isso, a Rússia continua sua ofensiva, que, apesar de Putin alegar como uma resposta a movimentos ucranianos, apenas intensifica o conflito. O dia de hoje trouxe a notícia de mais uma conquista russa e uma pausa na campanha aérea que deixou 51 mortos em um ataque recente.
Em meio a essa crise, a declaração de Putin parece mais uma jogada de mestre no tabuleiro internacional, buscando aliados para negociar enquanto a guerra prossegue e a pressão internacional aumenta.