
Quando o comércio vira palco políticoTrump e Reino Unido selam novo acordo: mais acesso para os EUA, menos tarifas para Londres
Em meio a críticas sobre sua gestão econômica, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (8) um acordo comercial com o Reino Unido que, segundo ele, representa um “avanço histórico”. A parceria prevê maior abertura do mercado britânico para produtos americanos, em especial do setor agrícola, mas mantém tarifas de 10% sobre bens do Reino Unido.
Em pronunciamento feito diretamente do Salão Oval, Trump comemorou:
“Estamos felizes em anunciar um acordo inovador com o Reino Unido. Nossos produtos terão mais espaço e menos barreiras.”
Apesar do entusiasmo, muitos pontos ainda não estão definidos. Os detalhes finais devem ser acertados nas próximas semanas. O que se sabe até agora é que Londres se comprometeu a reduzir suas tarifas de importação de 5,1% para 1,8% e acelerar o desembaraço aduaneiro de produtos dos EUA — o que pode beneficiar setores como agropecuária, energia, químicos e manufatura industrial.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também celebrou o pacto:
“O momento é ideal. Essa parceria vai proteger e gerar empregos, além de ampliar nosso comércio com os EUA.”
Alívio estratégico ou jogada eleitoral?
O anúncio acontece em um contexto sensível: Trump enfrenta crescente insatisfação interna com os rumos da economia. O novo acordo pode ser visto como uma tentativa de aliviar tensões após a imposição de tarifas pesadas a vários parceiros comerciais. Desde que subiu o tom nas negociações globais, o republicano vinha buscando firmar acordos rápidos com outros países — e o Reino Unido, mesmo com tarifa básica mantida, foi o primeiro a entrar na lista.
Trump também aproveitou as redes sociais para destacar o acordo:
“O Reino Unido é só o começo. Temos outros grandes parceiros quase prontos. É um dia animador para todos nós.”
Enquanto isso, um impasse com a China ainda paira no ar. Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e, até o momento, descarta qualquer recuo sem concessões. Diplomatas americanos já iniciaram conversas com autoridades chinesas, mas sem perspectivas de acordo imediato.
Nos bastidores, o acordo com os britânicos pode servir como modelo para futuras negociações com outras economias. Ainda que limitado em escopo, o pacto é um gesto político com potencial de repercutir positivamente entre eleitores e investidores — mesmo que seus efeitos práticos ainda estejam por vir.