R$ 1,7 bilhão desviados do INSS: esquema usava laranjas, aposentados e apoio de ex-diretores

R$ 1,7 bilhão desviados do INSS: esquema usava laranjas, aposentados e apoio de ex-diretores

Associações de fachada firmaram parcerias com o INSS e drenaram recursos de aposentados pobres com ajuda de ex-gestores do órgão; parte dos envolvidos era beneficiária do Bolsa Família.

Associações de fachada firmaram acordos milionários com o INSS e desviaram ao menos R$ 1,7 bilhão em benefícios, em um esquema que misturava laranjas, fraudes e o envolvimento de antigos diretores do órgão. A Polícia Federal revelou que essas entidades, criadas supostamente para representar trabalhadores rurais e aposentados, foram usadas como fachada para repassar dinheiro público a empresários e intermediários.

Em vários casos, quem assinava ou representava essas associações era, ironicamente, beneficiário do Bolsa Família — pessoas que, na prática, serviam apenas como testas de ferro. A investigação aponta ainda que o esquema contava com apoio de ex-integrantes da alta cúpula do INSS.

Entre os nomes investigados estão André Fidelis e Cecília Mota, apontados como articuladores do repasse dos valores desviados e responsáveis por organizar viagens e transações com o dinheiro dos aposentados.

Boa parte dos acordos suspeitos foi firmada em 2021, quando José Carlos de Oliveira era presidente do INSS — posteriormente, ele viria a chefiar o Ministério da Previdência durante o governo Bolsonaro. O Ministério Público apura a existência de pagamento de propinas e benefícios indevidos em contratos fechados com o instituto.

As revelações se somam à já crescente lista de escândalos que atingem a gestão da Previdência Social, num enredo que mistura descaso com os mais pobres, tráfico de influência e um sistema de controle que falhou justamente com quem mais precisava de proteção.

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