
“Recuo tático”: Bolsonaro critica decisão do STF sobre prisão domiciliar de cabeleireira
Ex-presidente afirma que pena prolongada nunca teve fundamento e pede abrandamento para outros presos do 8 de janeiro
O ex-presidente Jair Bolsonaro classificou como um “recuo tático” a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu prisão domiciliar a Débora Rodrigues dos Santos. A apoiadora bolsonarista ficou conhecida por pichar a estátua “A Justiça”, localizada em frente ao STF, durante os atos do 8 de janeiro.
Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que a prisão de Débora “nunca teve fundamento” e criticou a decisão do STF:
— Não estamos comemorando um avanço. Estamos testemunhando um recuo tático. E ainda coberto de cinismo jurídico — escreveu o ex-presidente.
Além de defender Débora, Bolsonaro convocou seus seguidores a continuar pressionando pela redução das penas impostas a outros envolvidos nos atos golpistas. Ele também agradeceu pela decisão que permitiu que a bolsonarista voltasse para casa:
— Seja como for, pelo menos o sofrimento dos filhos da Débora poderá diminuir um pouco. Mas devemos continuar pedindo por ela e pela família dela, para que ela não corra o risco de voltar para a prisão se for injustamente condenada a uma pena elevada.
Tornozeleira eletrônica e possível pena de 14 anos
A decisão de Alexandre de Moraes impõe a Débora Rodrigues o uso de tornozeleira eletrônica. O ministro destacou que ela já cumpriu quase 25% de uma possível pena e que a demora na conclusão do julgamento justificaria a mudança na forma de cumprimento da pena.
Durante os atos do 8 de janeiro, Débora foi fotografada pichando a estátua do STF com a frase “Perdeu, mané”, em referência à declaração do ministro Luís Roberto Barroso a um bolsonarista em Nova York, em 2022.
A bolsonarista responde a processo no STF e, na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes sugeriu uma pena de 14 anos de prisão. Seu voto foi seguido pelo ministro Flávio Dino. No entanto, o julgamento foi interrompido na segunda-feira, quando o ministro Luiz Fux pediu vista. Durante a análise da denúncia contra Bolsonaro, Fux indicou que pode propor uma pena menor para Débora.
Moraes ressaltou que, apesar da concessão da prisão domiciliar, a defesa da acusada não conseguiu justificar um pedido de liberdade provisória. Débora está presa desde março de 2023 e aguarda a conclusão do julgamento, que ainda não tem data para ser retomado.