Relatórios da Abin Antecipam Riscos à Segurança de Lula antes dos Atos de 8 de Janeiro

Relatórios da Abin Antecipam Riscos à Segurança de Lula antes dos Atos de 8 de Janeiro

Documentos apontam monitoramento de manifestantes bolsonaristas e ações violentas iminentes, mas informações não foram totalmente aproveitadas.

A equipe de segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), composta majoritariamente por policiais federais, recebeu, durante a transição de governo, uma série de relatórios da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre manifestações que antecederam os ataques ao Congresso, STF e Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023. Esses documentos alertavam para os riscos representados por alguns manifestantes bolsonaristas, identificando ações de vigilância e movimentos suspeitos em torno do hotel onde o então presidente eleito estava hospedado.

As informações indicavam, entre outros detalhes, o monitoramento de veículos que rondavam o local, militantes com histórico agressivo e até um caso de tentativa de invasão ao andar onde Lula estava. Se essas informações tivessem sido utilizadas adequadamente, o rastreamento dos responsáveis pelos atentados de 8 de janeiro poderia ter sido facilitado, segundo especialistas.

A principal liderança do grupo de trabalho que recebeu os relatórios foi Andrei Rodrigues, chefe da segurança de Lula na época e, atualmente, diretor-geral da Polícia Federal. Os documentos, que foram compartilhados por membros da PF via WhatsApp, revelaram nomes como o blogueiro bolsonarista Wellington Sousa e o major aposentado Cláudio Santa Cruz, ambos envolvidos em atos violentos em Brasília.

Embora os relatórios fossem claros quanto ao risco de atos violentos, houve falhas no encaminhamento dessas informações para as autoridades responsáveis pela segurança pública no Distrito Federal. De acordo com depoimentos, o próprio Andrei Rodrigues não teria repassado as informações de forma sistemática, o que contribuiu para a falta de ação preventiva nos dias que antecederam a invasão dos prédios dos Três Poderes. A investigação da PF sobre o caso conclui que a falta de coordenação entre as agências comprometeu a segurança e a prevenção dos ataques.

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