
Rombo Bilionário no Agronegócio: Maior Escândalo Bancário do Mundo
Venda casada e desvios no crédito rural somam prejuízo histórico de R$ 841 bilhões
Uma ação judicial sem precedentes, liderada pela Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (ABDAGRO), expõe o que pode ser o maior escândalo bancário da história mundial. Movida contra o Banco do Brasil, a ação busca reparação de mais de R$ 841 bilhões em prejuízos causados pela prática ilegal de venda casada no crédito rural — um esquema que, há décadas, prejudica milhares de produtores rurais e enfraquece a economia nacional.
O crédito rural, criado na década de 1960 como uma política agrícola essencial para impulsionar o agronegócio e garantir condições favoráveis aos pequenos e médios produtores, foi sistematicamente desvirtuado. A venda casada, na qual os empréstimos são condicionados à aquisição de produtos financeiros como seguros e títulos de capitalização, transformou-se em uma prática abusiva liderada por grandes instituições financeiras, principalmente o Banco do Brasil, responsável por 60% do mercado de crédito rural no país.
Um Impacto Econômico Devastador
Entre 2013 e 2023, o Banco do Brasil concedeu R$ 1,5 trilhão em crédito rural. No entanto, R$ 179 bilhões desses recursos foram desviados compulsoriamente para a compra de produtos financeiros desnecessários e impostos aos produtores. Além de encarecerem as operações, esses desvios reduziram drasticamente os valores destinados ao investimento na produção agrícola, agravando o endividamento e colocando em risco a sustentabilidade do setor.
A ação coletiva pede reparações financeiras que incluem:
- R$ 360 bilhões pela devolução em dobro dos valores desviados;
- R$ 150 bilhões por danos morais individuais aos produtores afetados;
- R$ 179,9 bilhões por danos sociais causados à coletividade;
- R$ 50 bilhões por danos morais coletivos;
- R$ 70 bilhões pela penalização do banco por práticas abusivas.
Testemunhos e Realidades do Campo
Casos reais ilustram a extensão do problema. Um produtor rural foi obrigado a destinar R$ 500 mil de um empréstimo de R$ 3 milhões para um plano de previdência privada, como condição para a liberação do crédito. Outro, dependente de financiamentos agrícolas, viu seus custos aumentarem ao ser coagido a adquirir seguros e outros produtos financeiros. Muitos só tomaram conhecimento das contratações quando os valores foram debitados de suas contas, sem aviso prévio.
Ex-funcionários do Banco do Brasil também denunciaram que metas de venda casada eram estabelecidas pela própria direção da instituição, reforçando que a prática era institucionalizada e sistemática.
O Futuro do Agronegócio em Jogo
Além de buscar reparações financeiras, a ação da ABDAGRO visa reformular o sistema de crédito rural, garantindo que os produtores tenham acesso a financiamentos justos, livres de práticas abusivas. O impacto do caso pode ser histórico, com potencial para reestruturar o setor financeiro e restaurar a confiança no crédito rural como um pilar de apoio ao desenvolvimento econômico.
Comparado ao escândalo da Lava Jato, que envolveu R$ 153 bilhões, o rombo de R$ 841 bilhões do agronegócio coloca em perspectiva a gravidade do esquema. A ação já está mobilizando investigações em órgãos como o Ministério Público Federal, Banco Central e Tribunal de Contas da União, com o objetivo de responsabilizar os envolvidos e proteger o setor agrícola, fundamental para a economia brasileira.
O maior escândalo bancário do mundo não é apenas uma questão financeira, mas uma luta pela sobrevivência de milhares de produtores rurais e pela integridade de um dos setores mais importantes do Brasil.