
Rui Costa critica CGU por omissão e diz que fraudes no INSS poderiam ter sido evitadas
Chefe da Casa Civil culpa falha preventiva da Controladoria e afirma que desgaste no governo Lula poderia ter sido contido com ação mais ágil
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo federal perdeu uma oportunidade de agir mais cedo contra o esquema de fraudes no INSS, que já resultou em bilhões de reais desviados dos aposentados. Para ele, a Controladoria-Geral da União (CGU), sob o comando de Vinicius Carvalho, falhou ao não alertar a cúpula do governo com a devida urgência, permitindo que o problema se agravasse e respingasse diretamente na imagem do presidente Lula.
“Enquanto o papel da Polícia Federal é investigar crimes já cometidos, o da Controladoria é justamente evitar que eles aconteçam. A CGU deveria ter apontado as falhas e impedido que isso se tornasse uma crise”, declarou Rui em entrevista ao Globo.
Segundo o ministro, nem o então titular da Previdência, Carlos Lupi, foi avisado do tamanho do rombo. Isso, na visão dele, atrasou a resposta do governo e manteve o esquema ativo por ao menos dois anos desde o início do atual mandato, mesmo tendo começado ainda na gestão anterior.
Durante viagem à China, Rui foi surpreendido pela deflagração da operação “Sem Desconto”, que derrubou a cúpula do INSS e acabou culminando na saída de Lupi. O episódio abalou a relação do governo com o PDT, partido de Lupi, que rompeu com a base aliada na Câmara.
Rui acredita que, se a CGU tivesse atuado de forma mais firme em 2023, o impacto político e financeiro seria bem menor. “Mais de 90% do que parece irregular aconteceu de 2020 para cá. Se tivéssemos agido antes, muitas vítimas teriam sido poupadas e nosso governo não estaria tão exposto”, avaliou.
Ele também defendeu o fim do modelo atual de descontos em folha, que permite convênios com entidades de diversos tipos desde os anos 1990, e apontou que até mesmo o Congresso contribuiu para a fragilidade do sistema. Em 2019, uma tentativa de endurecer a fiscalização foi derrubada, deixando aposentados mais vulneráveis.
A CGU começou a investigar o aumento suspeito nos descontos em 2023. Técnicos do órgão se reuniram diversas vezes com representantes do INSS e de outros órgãos como o TCU, a AGU e o Ministério Público, mas nenhuma providência eficaz foi tomada até que o caso explodisse publicamente.
Agora, com mais de R$ 6 bilhões supostamente desviados, o governo tenta montar uma estratégia para identificar os reais lesados e garantir o ressarcimento. “Temos que separar quem foi enganado de quem autorizou os descontos. Nem tudo é fraude, mas há muita sujeira misturada nesse processo”, concluiu Rui Costa.