Se Goebbels tivesse um perfil no X, os nazistas dominariam o mundo, diz Moraes à New Yorker

Se Goebbels tivesse um perfil no X, os nazistas dominariam o mundo, diz Moraes à New Yorker

Ministro do STF acusa redes sociais de quererem controlar o planeta e driblar leis nacionais, mas ignora crises brasileiras e se cala sobre abusos do governo que defende.

Em entrevista à revista americana The New Yorker, o ministro Alexandre de Moraes — cada vez mais tratado como o verdadeiro homem forte do Brasil — soltou mais uma de suas frases de impacto: “Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, os nazistas teriam conquistado o mundo”. A declaração, que mistura provocação e alarme, é só mais um exemplo do tom duro que Moraes vem adotando contra as redes sociais, especialmente o X (antigo Twitter), de Elon Musk.

Segundo o ministro do STF, as plataformas digitais querem não apenas influenciar, mas governar o mundo. Para ele, as big techs sonham em virar uma espécie de “Companhia das Índias Orientais moderna”, imunes às leis nacionais e capazes de manipular eleições ao redor do planeta. E não parou por aí — ele acusou as redes de alimentar a extrema direita com um populismo “altamente inteligente e estruturado”.

Mas o curioso é que, apesar de tanta preocupação com os algoritmos e com os discursos da direita, Moraes parece não ter a mesma energia para enfrentar problemas reais e urgentes do Brasil de hoje: o aumento da violência, os assassinatos de mulheres, o custo de vida insuportável e a crescente insegurança econômica. Nenhuma dessas questões apareceu com a mesma contundência na entrevista.

O ministro ainda foi cauteloso ao comentar sobre Jair Bolsonaro, dizendo que o julgamento do ex-presidente pela tentativa de golpe ainda está por vir. Relembrou, no entanto, que ele já está inelegível até 2030 e não vê “a menor possibilidade” de reversão.

Moraes também fez uma aposta política: para ele, nem Michelle Bolsonaro nem os filhos do ex-presidente teriam o mesmo peso entre os militares que o patriarca.

Na mesma reportagem, o presidente Lula não perdeu a chance de atacar Elon Musk. Disse estar preocupado com o avanço da “direita autoritária” pelo mundo e acusou o empresário de tentar controlar as comunicações na Amazônia via Starlink. Lula prometeu resistir ao que chamou de “ódio à democracia” vindo do bilionário sul-africano.

Mas, assim como Moraes, Lula também foge dos temas que realmente preocupam a população. Fala-se muito de narrativas, algoritmos e redes sociais, mas pouco sobre fome, desemprego e criminalidade, que seguem crescendo sob seu governo.

No fim das contas, enquanto o povo lida com as contas atrasadas e a violência nas ruas, autoridades preferem lutar contra fantasmas digitais e vilões internacionais. E, claro, sem nunca tocar nos fracassos da gestão que defendem.

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