Segurança que vira manchete: secretário acusado de furtar açougues pede demissão após denúncias

Segurança que vira manchete: secretário acusado de furtar açougues pede demissão após denúncias

Condenado por roubar carne e dinheiro de comércios locais, ex-comandante da segurança em Ribeirão Pires nega envolvimento, mas deixa o cargo em meio a escândalo e acusações de formação de milícia na GCM.

Após ser exposto em reportagens do g1 e da TV Globo, Sandro Torres Amante, até então secretário de Segurança de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, pediu exoneração do cargo. A saída veio uma semana depois da revelação de que ele foi condenado a quase 3 anos de prisão por envolvimento em furtos a açougues da cidade, ocorridos em 2018, quando ainda atuava como subcomandante da Guarda Civil Municipal (GCM).

No pedido formal de desligamento, protocolado nesta quinta-feira (24), Sandro alegou inocência e afirmou que sua saída serviria para preservar a imagem da Guarda Municipal.

O prefeito da cidade, Guto Volpi (PL), havia inicialmente declarado confiança em Sandro e dito que ele permaneceria no cargo. No entanto, a situação se agravou e a Prefeitura iniciou mudanças na hierarquia da GCM. O então inspetor-chefe, Filipe Murilo Silva, foi afastado e substituído por Fernando Belchior Dias, ex-subcomandante. Com a saída de Sandro, a Secretaria de Segurança será comandada por Arlei Capoccio, guarda civil desde 2022.

O crime

Segundo a denúncia do Ministério Público, na madrugada de 18 de junho de 2018, Sandro e outros dois comparsas, Gutembergue Martins Silva (então inspetor-chefe da GCM) e Marcelo Cruz Dallavali, arrombaram dois açougues no centro de Ribeirão Pires. Levaram, ao todo, 57 quilos de carne e R$ 28 mil em dinheiro e objetos.

As investigações mostraram que as câmeras de segurança haviam sido desviadas de propósito e que uma falsa denúncia foi feita à polícia para afastar viaturas da região dos furtos. Testemunhas protegidas relataram que as câmeras foram recolocadas a tempo de flagrar os suspeitos dividindo os produtos roubados. Imagens de veículos circulando na região também ajudaram na identificação.

Suspeita de milícia dentro da GCM

Além dos furtos, o Ministério Público aponta que os acusados seriam parte de uma milícia que atuava dentro da GCM entre 2019 e 2023, extorquindo comerciantes e oferecendo “proteção” – muitas vezes, contra os próprios criminosos.

Uma das estratégias, segundo o MP, seria criar situações de insegurança para depois vender soluções particulares. “Eles criavam a dificuldade para vender a facilidade”, disse uma das fontes que, por medo de represálias, preferiu não se identificar.

O MP também investiga ligações de Sandro com tráfico de drogas e corrupção. Embora a Justiça tenha rejeitado, por ora, a acusação formal de formação de milícia, os inquéritos seguem abertos.

O que dizem os envolvidos

Sandro Amante nega as acusações, insiste na própria inocência e afirma que não há provas de que ele tenha vendido segurança privada. A Prefeitura, por sua vez, afirma que não havia sido notificada da condenação e que o outro acusado, Gutembergue, segue afastado de suas funções, mas ainda recebe salário.

Enquanto isso, comerciantes e moradores de Ribeirão Pires lidam com o rastro de desconfiança deixado por quem deveria protegê-los.

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