
Sem anistia, oposição trava Câmara e promete batalha até o fim
Após recuo de Hugo Motta, aliados de Bolsonaro retomam obstrução e tentam forçar votação sobre perdão aos golpistas do 8 de janeiro
A temperatura voltou a subir na Câmara dos Deputados. Nesta quinta-feira (24), a oposição ao governo Lula retomou a tática de obstrução nas votações, numa tentativa de pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em pauta o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — proposta que pode beneficiar até o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O líder da movimentação é o deputado Luciano Zucco (PL-RS), que foi direto ao ponto: enquanto a anistia não for discutida no plenário, a oposição vai continuar barrando os trabalhos legislativos. “Não vejo possibilidade alguma da Câmara não pautar a anistia. Temos o maior partido, e a sociedade quer virar essa página”, declarou ele, tentando justificar o pedido de perdão geral como um desejo coletivo.
Obstrução, nesse caso, é uma espécie de freio de mão puxado pelos parlamentares para emperrar a tramitação de qualquer pauta que não seja do interesse do grupo — um tipo de protesto com efeitos práticos.
A movimentação se intensificou depois que Hugo Motta anunciou que a proposta de urgência da anistia não será analisada na próxima semana. A decisão foi respaldada por líderes de bancadas que representam mais de 400 deputados — uma sinalização clara de que o perdão aos envolvidos no ataque à democracia ainda encontra forte resistência no Congresso.
Apesar disso, Motta adotou um tom conciliador. Disse que o assunto seguirá sendo debatido, mas que, por ora, a prioridade será outra: projetos voltados à educação, aproveitando a Semana da Educação, além de propostas que ficaram pendentes nas últimas sessões.
Nos bastidores, o clima é de tensão. A proposta de anistia divide opiniões e tem potencial explosivo, pois além de tentar perdoar condenados por vandalismo e invasão aos Três Poderes, também pode blindar Bolsonaro de futuras condenações por tentativa de golpe.
Enquanto isso, a oposição promete manter o cerco. E o Congresso, mais uma vez, vira palco de um embate político que promete se arrastar por semanas.