Silenciamento Patrocinado? O Polêmico Apoio Americano a Projetos de “Combate à Desinformação” no Brasil
Relatório expõe financiamento americano a grupos de censura disfarçada de combate à “desinformação” e “discurso de ódio”
Um relatório da organização Civilization Works, divulgado em 1º de outubro, revela que o governo dos Estados Unidos está financiando no Brasil projetos que, sob a justificativa de combater “desinformação” e “discurso de ódio”, podem, na prática, silenciar vozes críticas. Iniciativas como Sleeping Giants Brasil e um instituto fundado por Felipe Neto estariam entre os beneficiados, levantando questões sobre liberdade de expressão e ingerência política.
O financiamento por trás do controle da narrativa
A verba americana chega ao Brasil tanto de forma direta quanto indireta, muitas vezes intermediada por organizações como o Atlantic Council e a Meedan. Um exemplo emblemático foi a participação da Meedan no projeto “Confirma 2022” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que integrou diversas agências de checagem de fatos para combater a desinformação nas redes. Esse projeto contou até com um robô de conversação, criado para responder dúvidas sobre conteúdos, e tinha o WhatsApp como parceiro. Além disso, o TSE incluiu em seu “Plano Estratégico Eleições 2024” uma abordagem que permite controle direto sobre o conteúdo, não apenas o comportamento, dos usuários, levantando mais dúvidas sobre o real propósito dessas iniciativas.
Agências de checagem e viés político
A parceria entre agências de checagem e plataformas de redes sociais gerou a remoção de diversos conteúdos considerados “falsos”, com impacto significativo em perfis que não seguem uma linha progressista. Durante o congresso Global Fact 10 em 2023, o ex-chefe de segurança do Twitter, Yoel Roth, revelou o envolvimento de plataformas em censurar conteúdos críticos a figuras políticas, como Donald Trump. Esse histórico acende o alerta sobre o uso de “checagem de fatos” para perseguir ideias discordantes, sendo rotineiramente aplicada de forma parcial.
Projetos de mídia financiados e o papel do influenciador Felipe Neto
Entre as iniciativas financiadas, destaca-se a parceria do grupo identitário Alma Preta com o Sleeping Giants, que promove um jornalismo abertamente parcial e favorável ao Projeto de Lei das Fake News. O influenciador Felipe Neto também participa de um grupo de combate à “desinformação” do governo brasileiro e recebeu verbas americanas para seu Instituto Vero. A proximidade com figuras como Allan dos Santos, alvo de pedidos de censura por parte de Neto, ilustra a linha tênue entre combate à desinformação e controle de vozes contrárias.
A influência de organizações americanas e o caso do TSE
O apoio financeiro do governo americano se estende a outros projetos polêmicos. Em fevereiro de 2021, o TSE rejeitou alegações de que Jair Bolsonaro teria vencido as eleições de 2018 graças a um suposto “disparo em massa de mensagens”. Mesmo com a decisão, o Atlantic Council, financiado pelo governo dos EUA, seguiu sustentando essa narrativa, ressaltando a influência da desinformação na campanha de Bolsonaro. Em outra frente, a acadêmica Claire Wardle, mentora de projetos de controle de “desinformação” no Brasil, promove ideias que têm eco no Supremo Tribunal Federal brasileiro, alinhando-se com o discurso de figuras como Luís Roberto Barroso.
Essas revelações expõem o apoio financeiro estrangeiro a projetos que, embora aleguem proteger a democracia, muitas vezes agem para silenciar críticas e restringir a liberdade de expressão.
Fonte e Créditos: Gazeta do Pova