
Silenciar a Verdade: Regime de Maduro prende jornalista após denunciar roubos em Caracas
Nakary Mena e o marido desapareceram por mais de 70 horas após reportagem sobre a violência urbana. O Estado venezuelano é acusado de usar o medo para calar a imprensa.
Uma denúncia sobre o aumento de assaltos em Caracas custou caro à jornalista Nakary Mena. Após concluir uma reportagem para o portal Impacto Venezuela, no dia 8 de abril, ela desapareceu misteriosamente. Três dias depois, veio a confirmação do que os familiares temiam: ela e o marido, Gianni González, haviam sido presos por ordem da Justiça venezuelana.
Segundo a ONG Espaço Público, o casal foi acusado pelos crimes de “instigação ao ódio” e “divulgação de notícias falsas”. Nakary foi levada ao Instituto Nacional de Orientação Feminina (INOF), em Los Teques. Já González está detido no Internado Judicial Rodeo II, também no Estado de Miranda.
A prisão, denunciada pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), escancara o clima de repressão vivido pelos jornalistas que ainda resistem na Venezuela. A própria ONG Espaço Público exigiu que o regime de Nicolás Maduro cesse as perseguições à imprensa e garanta a liberdade de expressão no país.
Mena estava próxima à Plaza Venezuela quando enviou a última mensagem avisando que voltaria para casa. Desde então, sua ausência gerou um desespero crescente na família, especialmente por ela e o marido serem pais de uma menina de apenas cinco anos.
Enquanto familiares procuravam sem sucesso nas sedes da polícia política – o Sebin – a repórter já havia sido alvo de ataques públicos. Um dia antes da prisão, Michel Caballero, jornalista alinhado ao governo, criticou a matéria de Mena, acusando-a de “lançar narrativas sem dados confiáveis”.
Para organizações de direitos humanos, como a CIDH, não há dúvidas: o regime de Maduro continua a usar o medo como ferramenta de censura. Atualmente, pelo menos 13 jornalistas estão presos por motivações políticas na Venezuela. A prática, segundo a CIDH, visa encobrir a realidade do país e amordaçar quem ousa mostrar a verdade.