Sindicatos saem em defesa de Frei Chico e acusam “politicagem” em investigação da PF

Sindicatos saem em defesa de Frei Chico e acusam “politicagem” em investigação da PF

Irmão de Lula, vice-presidente do Sindnapi, virou alvo em operação sobre fraudes no INSS; centrais sindicais reagem e dizem que acusações têm tom eleitoral

As principais centrais sindicais do país saíram em defesa, nesta segunda-feira (28), de José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Frei Chico virou personagem central numa investigação da Polícia Federal sobre fraudes em descontos de benefícios do INSS.

A nota de apoio foi assinada por seis grandes centrais — CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB. Elas dizem estar “estarrecidas” não apenas com a corrupção contra aposentados e pensionistas, mas também com o que chamam de “distorções no noticiário”, que estariam usando o caso para ataques políticos e contra o movimento sindical.

“Apoiamos a atuação da Polícia Federal e defendemos o ressarcimento integral aos prejudicados. Mas repudiamos o uso dessa investigação como instrumento de ataque ao governo Lula e aos trabalhadores”, afirma o texto.

As centrais ressaltam que Frei Chico só está no centro da polêmica por ser irmão de Lula. Para elas, trata-se de uma “pura politicagem eleitoral, feita para confundir e manipular a opinião pública”.

Frei Chico tem uma longa trajetória sindical e foi o responsável por apresentar Lula ao mundo sindical ainda nos anos 1970, em São Bernardo do Campo. Apesar do apelido, ele nunca foi frade: é comunista de formação e sempre atuou na linha de frente das lutas operárias.

Desde 2023, Frei Chico faz parte da diretoria do Sindnapi, onde é filiado há mais de 15 anos. A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e pela Controladoria-Geral da União, investiga um esquema milionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O rombo pode ultrapassar R$ 7,9 bilhões, segundo a PF. As entidades envolvidas assinavam acordos com o INSS que facilitavam os descontos, muitas vezes sem consentimento dos beneficiários.

Frei Chico nega qualquer irregularidade e, logo após a operação, afirmou ao Estadão que está tranquilo e quer que a Polícia Federal investigue “toda a sacanagem que existe no INSS”.

As centrais, por sua vez, defenderam que ele sempre viveu de forma modesta, fiel aos seus ideais e longe de se beneficiar do cargo para obter vantagens pessoais.

“Transformar a figura de Frei Chico no foco da crise é desviar o debate: o que está em jogo é uma campanha para enfraquecer o sindicalismo e desgastar o governo Lula”, afirmam no manifesto.

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