STF caminha para manter prisão de Collor, mas Gilmar leva julgamento ao plenário presencial

STF caminha para manter prisão de Collor, mas Gilmar leva julgamento ao plenário presencial

Com quatro votos já dados a favor da prisão, decisão final sobre o destino do ex-presidente será tomada no plenário físico. Até lá, Collor segue detido.

O julgamento que pode confirmar ou derrubar a prisão do ex-presidente Fernando Collor ganhou novo capítulo nesta sexta-feira (25), após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pedir o envio do caso ao plenário físico da Corte. A decisão suspende, por ora, a conclusão do julgamento no ambiente virtual.

Antes da intervenção de Gilmar, quatro ministros já haviam votado pela manutenção da prisão: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. A votação virtual ainda pode receber os votos dos demais ministros até às 23h59 desta sexta, mas a palavra final será dada em plenário presencial — ainda sem data definida. Até lá, Collor permanecerá atrás das grades.

Prisão durante a madrugada

Fernando Collor foi preso na madrugada desta sexta-feira, em Maceió (AL), após decisão individual de Moraes que rejeitou os últimos recursos apresentados pela defesa. Segundo o ministro, os embargos tinham apenas o objetivo de adiar a execução da pena. A prisão é consequência de uma condenação de 2023, quando Collor foi sentenciado a 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro em um processo vinculado à Lava Jato.

Histórico do caso

A denúncia contra Collor foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda em 2015. À época, ele era senador pelo PTB de Alagoas, o que levou o caso diretamente ao STF. A acusação envolvia uma série de crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução da Justiça. No entanto, as duas últimas acusações foram descartadas e a de organização criminosa foi considerada prescrita.

A condenação foi baseada em um esquema de propinas estimado em R$ 20 milhões, valor menor que os R$ 26 milhões inicialmente apontados pela PGR. De acordo com os autos, Collor usava sua influência na BR Distribuidora — onde havia indicado dois diretores — para favorecer empresas em troca de comissões ilegais.

Delatores como o doleiro Alberto Youssef, o empreiteiro Ricardo Pessoa e Rafael Ângulo (auxiliar de Youssef) relataram pagamentos milionários ao ex-presidente. Em uma das entregas, segundo Ângulo, Collor teria recebido R$ 60 mil em espécie, em notas de R$ 100.

Durante as investigações, a Polícia Federal apreendeu três carros de luxo — uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini — em uma residência do ex-presidente em Brasília, todos registrados em nome de empresas de fachada. Para os investigadores, a aquisição desses bens era parte da estratégia de lavagem de dinheiro.

Nota da defesa

A equipe jurídica de Collor afirmou, em nota divulgada na noite de quinta-feira (24), que recebeu a decisão de Moraes com “surpresa” e “preocupação”. A defesa argumenta que ainda havia pontos pendentes a serem analisados pelo plenário, como a prescrição de parte da pena. Apesar disso, confirmou que o ex-presidente se apresentaria para cumprir a ordem judicial, enquanto avalia as medidas legais cabíveis.

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