STF lacra celulares de advogados e jornalistas após gravações em julgamento de Bolsonaro

STF lacra celulares de advogados e jornalistas após gravações em julgamento de Bolsonaro

Decisão inédita da Corte surpreende a plateia e marca endurecimento das regras durante análise da denúncia contra núcleo golpista

Na mira do sigilo: celulares são lacrados durante sessão decisiva do STF

Numa medida sem precedentes, o Supremo Tribunal Federal decidiu nesta terça-feira (22) lacrar os celulares de jornalistas, advogados e outros presentes no julgamento dos acusados de integrar o chamado “núcleo 2” da tentativa de golpe de Estado.

A decisão foi tomada pela Primeira Turma do STF, sob a presidência do ministro Cristiano Zanin, depois que foram feitas gravações indevidas na sessão anterior — a mesma em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi oficialmente tornado réu.

A nova regra causou estranheza e inquietação entre os presentes. Até então, em sessões públicas, advogados e profissionais da imprensa não eram obrigados a entregar seus aparelhos. A mudança de conduta, considerada radical por alguns, tem o objetivo de reforçar o controle sobre o ambiente do plenário e evitar novas quebras de protocolo.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em sinal de preocupação, enviou um representante para acompanhar a sessão. E o clima de tensão se confirmou quando, durante as sustentações orais, o advogado Marcelo Almeida Sant’Anna, defensor de Filipe Martins (ex-assessor de Bolsonaro), rompeu o lacre de seu envelope e foi advertido pela segurança. O celular acabou sendo novamente recolhido e lacrado.

A sessão em questão analisa se seis pessoas, ligadas diretamente ao entorno de Bolsonaro, devem ou não se tornar rés por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A denúncia foi feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvos:

  • Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais;
  • Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens;
  • Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF;
  • Marília Alencar, delegada da PF e ex-subsecretária de Inteligência do MJ;
  • Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário adjunto da Segurança Pública do DF;
  • Mário Fernandes, general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência.

O julgamento segue em ritmo tenso e com os olhos atentos da sociedade. Para muitos, o que está em jogo não é apenas a responsabilização de figuras do passado recente, mas a afirmação de que rupturas institucionais não serão toleradas — nem nos bastidores, nem sob a luz das câmeras.

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