STF: Moraes autoriza Carlos Bolsonaro a acessar inquérito da PF sobre ‘Abin paralela’
Vereador filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão na última segunda-feira. Parlamentar nega ligação com a agência de inteligência
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) acesso às provas no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga uma rede de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Contexto da Investigação
A Polícia Federal sustenta que Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, participou do núcleo político da chamada “Abin paralela”, que supostamente visava desafetos do ex-presidente.
Após ser alvo de um mandado de busca e apreensão na última segunda-feira, Carlos Bolsonaro solicitou ao STF, por meio de sua defesa, acesso ao inquérito da PF. O pedido foi protocolado no mesmo dia.
Defesa de Carlos Bolsonaro
Em nota, Carlos Bolsonaro negou qualquer ligação com a Abin, afirmando que não solicitava ou recebia informações da agência.
“O vereador Carlos Bolsonaro reitera que não possui qualquer ligação com a ABIN e tampouco solicitava e/ou recebia de pessoas vinculadas à agência qualquer tipo de informação e dados de terceiras pessoas”, diz a nota da defesa.
Envolvimento de Alexandre Ramagem
Carlos Bolsonaro é suspeito de ter recebido informações da Abin através de Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da agência e atual deputado federal. Ramagem também é investigado e foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira da semana passada. A PF alega que o grupo monitorava indevidamente inimigos políticos e buscava informações sobre investigações relacionadas aos filhos do ex-presidente.
Operação FirstMile
Uma reportagem do GLOBO, publicada em março do ano passado, revelou que a Abin usou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas através de seus celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro. Após a publicação, a PF abriu um inquérito e descobriu que a ferramenta foi usada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.
Resposta da Abin e de Ramagem
A Abin, em nota divulgada na semana passada, afirmou que “é a maior interessada” na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações. A agência informou que colabora com inquéritos da PF e do STF sobre eventuais irregularidades no uso da ferramenta de geolocalização de 2019 a 2021.
Ramagem, por sua vez, negou qualquer acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.
“Eu e a direção da Polícia Federal, assim como os policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos acesso, execução, gestão ou senha desses sistemas”, disse Ramagem.