STF Moraes Vota Para Condenar Dona De Casa A 14 Anos De Prisão
O Supremo Tribunal Federal (STF) está próximo de deliberar sobre a condenação de mais um grupo de réus envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro. A última sessão do julgamento foi concluída na sexta-feira, 29, com 5 votos a favor no plenário virtual da Corte. Resta apenas um voto para estabelecer a maioria e, consequentemente, confirmar a prisão dos acusados.
Entre os cinco réus em questão, duas mulheres se destacam e podem ser sentenciadas a 14 anos de prisão, conforme o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Os ministros Edson Fachin e Rosa Weber também se mostraram favoráveis à prisão.
Durante a sessão, ainda aguardando oito votos para a decisão final, Jupira Silvana da Cruz Rodrigues, uma mulher de 57 anos e dona de casa, fez um apelo emocional aos ministros, enfatizando que não é uma criminosa. “Não sou criminosa, e peço aos ilustres ministros que tenham compaixão.”
Atualmente em liberdade provisória e usando tornozeleira eletrônica, Jupira reside em Betim, Minas Gerais. Casada há mais de três décadas, ela é mãe de três filhos, frequenta a Igreja Batista e, além de cuidar da casa, trabalha como cuidadora de um jovem com transtorno mental irreversível.
O advogado de defesa de Jupira, Hélio Junior, argumenta que ela entrou no Palácio do Planalto apenas para se proteger das bombas de efeito moral, estando desarmada. Ele considera inimaginável que ela tenha tentado participar de um golpe de Estado.
Assim como Jupira, a segunda mulher do grupo é Nilma Lacerda Alves. Com 20 anos de profissão como servidora pública em Barreiras, Bahia, Nilma também atua como agente comunitária e cuidadora de idosos nos fins de semana. Mãe de uma filha, ela é descrita pelo advogado Hélio Junior como uma “pessoa de boa índole” que apenas permaneceu na entrada do Planalto.
Segundo Junior, não há evidências de envolvimento em atos de vandalismo por parte das duas mulheres. Ele argumenta que foram condenadas sem uma análise individualizada das condutas, recebendo “sentenças copiadas e coladas”.
As acusações relacionadas às manifestações de 8 de janeiro seguem a mesma linha que levou à condenação dos três primeiros réus, incluindo a punição por tentativa de golpe de Estado. Tanto os três já condenados quanto os cinco em julgamento foram acusados pela Procuradoria-Geral da República de cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de patrimônio protegido.
No seu voto, Moraes propôs penas variando de 12 a 17 anos, além de uma indenização de R$ 30 milhões a ser paga pelos condenados.