STF: Toffoli anula condenações de Leo Pinheiro e aponta conluio na “lava jato”
O que estamos presenciando é mais um daqueles episódios revoltantes que só fazem aumentar o descrédito na justiça brasileira. O ministro Dias Toffoli, do STF, decidiu, sem pestanejar, anular todas as condenações de Léo Pinheiro, o ex-presidente da OAS e uma das figuras centrais da Lava Jato. Isso mesmo, o homem que confessou, delatou e se entregou, agora, por um passe de mágica judicial, está livre de qualquer mancha, graças à canetada de Toffoli.
Como se não bastasse a semana passada, quando o mesmo ministro mandou arquivar a investigação de Raul Schmidt Felippe Júnior, Toffoli agora joga no lixo mais de 30 anos de condenação de Pinheiro, alegando que houve um “conluio” entre Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato. Conluio? A palavra parece perder o sentido quando aplicada a um processo que revelou ao mundo um dos maiores esquemas de corrupção já vistos no país.
A defesa de Pinheiro alega que ele foi coagido a delatar, que tudo não passou de uma armação para atingir Lula e que Moro e os procuradores agiram com fins políticos. Ora, desde quando um criminoso confesso, que admitiu pagar propinas, virou vítima? A narrativa de que houve uma conspiração para derrubar políticos poderosos tem se tornado uma cortina de fumaça conveniente, que serve apenas para manchar o trabalho árduo de quem tentou, por algum tempo, limpar a sujeira do país.
A decisão de Toffoli não só anula as condenações de Pinheiro, mas também abre precedente para que outros delatores e corruptos escapem ilesos. É o funeral oficial da Lava Jato, uma operação que, apesar de imperfeita, expôs o submundo podre da política e das grandes corporações brasileiras. E agora, em nome de “imparcialidade”, o STF parece mais interessado em proteger os poderosos do que em fazer justiça de verdade.
Não dá para aceitar que figuras como Pinheiro, que confessaram seus crimes, saiam impunes enquanto a população assiste, incrédula, ao desmonte de uma das poucas iniciativas que, por um breve momento, trouxe alguma esperança de mudança.