Surpresa no Banco Central: Presidente Galípolo rejeita aumento do IOF e critica falta de diálogo

Surpresa no Banco Central: Presidente Galípolo rejeita aumento do IOF e critica falta de diálogo

Medida do governo para ampliar receita fiscal pegou o BC desprevenido e causou tensão no mercado financeiro

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi surpreendido com a notícia do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo fontes próximas ao tema, ele não foi informado previamente sobre a decisão tomada pelo Ministério da Fazenda na quinta-feira (22) e se posicionou contra a mudança.

Durante entrevista, a Folha de S.Paulo questionou o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, sobre se o ministro Fernando Haddad havia conversado com Galípolo antes de editar o decreto do IOF. Durigan confirmou que houve uma conversa entre os dois na terça-feira (20), mas o próprio Haddad, depois, negou que o Banco Central tenha sido consultado. Em uma mensagem no X (antigo Twitter), Haddad afirmou que nenhuma das medidas fiscais anunciadas foi negociada com o BC.

Enquanto isso, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, defendeu que as mudanças no IOF ajudariam o Banco Central no controle do crédito, facilitando o fim do ciclo de altas dos juros e contribuindo para a convergência da inflação à meta de 3%, o que poderia, inclusive, reduzir a taxa básica de juros no futuro.

Porém, Galípolo já tinha se posicionado firmemente contra qualquer alteração no IOF em discussões anteriores. O imposto, que é regulado pelo Poder Executivo via decreto, pode ser modificado sem passar pelo Congresso, mas o presidente do BC acredita que mexer no IOF agora pode gerar mais instabilidade.

No mercado, o impacto foi imediato: o dólar subiu 0,35%, cotado a R$ 5,66, após o anúncio do congelamento orçamentário de R$ 31,3 bilhões e do aumento do IOF. O índice Bovespa, que inicialmente teve alta, terminou o dia com queda de 0,44%, fechando em 137.272 pontos.

Nos últimos dias, Galípolo havia sinalizado que a taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, precisaria permanecer alta por mais tempo para garantir o controle da inflação. Ele também destacou que novas decisões sobre juros dependerão de dados econômicos que serão divulgados nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Essa sequência de desencontros e decisões repentinas mostra que, no atual momento delicado da economia, a falta de alinhamento entre Ministério da Fazenda e Banco Central só aumenta a apreensão dos investidores e a volatilidade dos mercados.

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