
“TACO Trade”: O Jogo de Ameaças e Recúos de Trump que Mexe com Wall Street
Investidores apostam que ele late, mas não morde — e Trump surta ao ser confrontado
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não segurou a irritação quando ouviu uma pergunta sobre a chamada “TACO Trade”, uma estratégia que investidores adotaram apostando que ele sempre volta atrás nas próprias ameaças. A sigla, que significa “Trump Always Chickens Out” (em tradução livre, “Trump Sempre Arregla”), virou febre em Wall Street — e motivo de fúria na Casa Branca.
“Isso se chama negociação!”, rebateu Trump, nesta quarta-feira (28), no Salão Oval. Segundo ele, subir o tom e fazer ameaças desproporcionais faz parte de sua tática para arrancar vantagens em negociações internacionais. “Primeiro eu coloco um número absurdo, depois abaixo um pouco”, justificou, tentando driblar o constrangimento.
🏦 Aposta na retranca: ameaça, bolsa despenca — recua, mercado dispara
A estratégia virou quase uma rotina no mercado financeiro. Quando Trump sobe o tom com ameaças de tarifas altíssimas, as bolsas despencam. Mas, como já se tornou previsível, pouco tempo depois ele recua, alivia as tarifas e os mercados disparam, gerando lucros para quem apostou no ciclo.
Foi assim, por exemplo, quando na sexta (23) ele ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre produtos europeus a partir de 1º de junho. As ações caíram no ato. Dias depois, Trump voltou atrás, postergou a medida e… as bolsas subiram de novo.
E não para por aí. Em abril, ao anunciar tarifas de até 145% sobre produtos chineses, provocou uma verdadeira fuga dos investidores. Mas não demorou muito para reduzir a maioria dessas tarifas para 30%, após perceber o impacto negativo.
Em março, Trump mirou no setor automotivo e ameaçou taxar em 25% os veículos e peças importadas. Pressionado pelas montadoras, voltou atrás semanas depois, aliviando o setor com isenções para peças e metais.
Quando os consumidores temeram alta nos preços de eletrônicos, veio outro recuo: smartphones, computadores e outros itens ficaram fora da taxação.
Até com Canadá, México e Colômbia a história se repetiu. No caso colombiano, Trump só baixou a guarda depois que o país aceitou receber voos com deportados dos EUA.
⚠️ Recuo demais perde força: alerta de analistas
Se no início essa postura de ameaça e recuo dava resultado, agora analistas alertam que a eficácia está perdendo força. “Cada vez que ele volta atrás, os parceiros comerciais passam a não levar suas ameaças tão a sério”, apontam especialistas.
E o próprio Trump parece não lidar bem com essa percepção. Ao ser perguntado nesta quarta-feira sobre o termo “TACO Trade”, ficou visivelmente irritado. “Essa pergunta é desagradável”, respondeu, com aquele tom explosivo já conhecido.
“Se eu não tivesse ameaçado uma tarifa de 50%, eles nem estariam na mesa de negociação hoje”, disparou. Mas logo depois desabafou, meio inconformado: “O triste é que, quando eu fecho um acordo mais razoável, eles dizem que eu recuei… Isso é inacreditável”, reclamou.