Tensão entre o Governo e as Forças Armadas: Marinha gera crise com vídeo que atrapalha negociações fiscais

Tensão entre o Governo e as Forças Armadas: Marinha gera crise com vídeo que atrapalha negociações fiscais

Militares tentam suavizar impacto político de vídeo que criticou cortes no orçamento, enquanto governo discute mudanças nas aposentadorias e inatividade

A recente polêmica gerada por um vídeo divulgado pela Marinha está colocando em risco as negociações entre o governo e as Forças Armadas sobre os cortes de gastos. Os líderes do Exército e da Aeronáutica agora se veem em uma corrida contra o tempo para suavizar os danos políticos causados pela crítica feita no vídeo, que questiona as propostas de ajustes fiscais. Os militares tentam convencer o governo de que o conteúdo foi uma ação isolada, e não um posicionamento da instituição como um todo.

Embora o orçamento das Forças Armadas não tenha sido cortado, as novas regras sugerem que os militares precisarão trabalhar por mais tempo antes de poderem se aposentar ou passar à reserva. Ao contrário da aposentadoria convencional, os militares não recebem pensão ao deixarem de ser ativos; em vez disso, mantêm seu soldo integral enquanto estão na reserva, e só após a reforma, quando não estão mais aptos para o serviço, é que deixam de receber o soldo.

Essas mudanças, propostas pelo presidente Lula e discutidas com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, fazem parte de um esforço do governo para equilibrar as finanças do país. O ministro da Defesa já havia afirmado, antes do anúncio das novas medidas, que as Forças Armadas precisariam fazer um “sacrifício” para ajudar a solucionar a crise fiscal.

A principal mudança proposta é que os militares só possam sair da ativa após completarem 35 anos de serviço e atingirem a idade mínima de 55 anos. A medida, de acordo com a cúpula das Forças Armadas, não é vista como um ataque às instituições, mas como uma adaptação necessária em um contexto global de dificuldades de recrutamento para os exércitos.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que as Forças Armadas já haviam dado um “gesto de colaboração” com o governo antes da polêmica gerada pelo vídeo. Contudo, o envio da proposta ao Congresso foi postergado após o mal-estar provocado pela divulgação da crítica da Marinha, o que agora dificulta a implementação das mudanças desejadas.

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