Tragédia em Brasília: Menina de 8 anos morre após inalar desodorante em desafio viral

Tragédia em Brasília: Menina de 8 anos morre após inalar desodorante em desafio viral

Conteúdo perigoso nas redes sociais leva à morte cerebral de criança; polícia investiga responsáveis por divulgar o “desafio do desodorante”.

Uma brincadeira sem noção, divulgada nas redes sociais como se fosse inofensiva, acabou tirando a vida de uma menina de apenas 8 anos em Brasília. Ela inalou o gás de um desodorante aerossol ao participar do chamado “desafio do desodorante” – uma prática que tem ganhado espaço na internet e já vitimou pelo menos duas crianças só em 2025.

De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, o caso aconteceu no último domingo, 13. A garota estava internada desde a quinta-feira anterior, após ter sido encontrada inconsciente pelo avô dentro de casa. Ele a havia buscado na escola e, momentos depois, a encontrou caída, sem sinais vitais. Uma almofada molhada e um frasco de desodorante aerossol estavam junto ao corpo.

Apesar do socorro rápido e das tentativas de reanimação, a menina teve uma parada cardiorrespiratória severa. Foram 60 minutos tentando trazê-la de volta, mas ela não apresentou mais atividade neurológica – o que resultou no diagnóstico de morte cerebral. Três dias depois, a família recebeu a confirmação do falecimento e registrou a ocorrência.

A polícia abriu inquérito para investigar como a criança teve acesso ao conteúdo do “desafio” e quem são os responsáveis pela divulgação desse tipo de material nas redes sociais. O celular da vítima foi apreendido para perícia, assim como o desodorante utilizado.

Esse não é um caso isolado. Em março, outra menina, de 11 anos, morreu após inalar o mesmo tipo de produto, também em meio à tentativa de cumprir o desafio que circula principalmente no TikTok. Os vídeos ensinam jovens a “baforar” o aerossol até desmaiar — uma prática extremamente perigosa que pode levar à morte.

A plataforma, ao ser cobrada por esse tipo de conteúdo, informou que removeu os vídeos por violarem suas diretrizes, mas especialistas alertam que os riscos continuam à espreita, camuflados em trends que parecem “divertidas” à primeira vista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classifica desde 2019 esses chamados “jogos perigosos” como um distúrbio comportamental. São atividades que, online ou offline, expõem jovens a sérios riscos físicos e mentais. No caso desse desafio, o uso de aerossóis impróprios para inalação transforma uma “brincadeira” em armadilha mortal.

A polícia do DF já considera a possibilidade de responsabilizar criminalmente os envolvidos na divulgação do conteúdo. Dependendo do que for apurado, pode haver acusação de homicídio duplamente qualificado — por meio que oferece risco comum e por a vítima ser menor de 14 anos —, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão.

Enquanto isso, mais uma família enterra uma criança que foi atraída por um conteúdo tóxico, não só no sentido literal, mas também simbólico — e isso deveria fazer toda a sociedade repensar o tipo de “influência” que deixamos circular livremente entre os nossos filhos.

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