
Tragédia na festa: Jovem é morto em ação policial durante arraial no Rio
Governador afasta comandantes do COE e do Bope após operação violenta interromper evento comunitário e causar a morte de Herus, de 23 anos, no Morro do Santo Amaro
O que era para ser uma noite de alegria e celebração no Morro do Santo Amaro, no Catete, virou cena de pânico e luto. Durante uma tradicional festa junina, realizada na última sexta-feira (6), uma operação do Bope terminou com tiros disparados em meio à multidão, deixando ao menos seis feridos e um jovem morto. Herus Guimarães Mendes, de apenas 23 anos, foi atingido no abdômen e, apesar de ter sido socorrido, não resistiu.
Diante da repercussão do caso e da indignação popular, o governador do Rio, Cláudio Castro, anunciou neste domingo (8) o afastamento imediato dos oficiais que autorizaram a ação. Entre eles estão o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), e o coronel Aristheu Lopes, comandante do Bope, além de 12 policiais diretamente envolvidos.
A operação foi justificada pela PM como uma resposta emergencial à presença de criminosos armados na região. Segundo a corporação, os agentes teriam sido recebidos a tiros, mas não revidaram. No entanto, moradores relatam que os policiais chegaram atirando, sem aviso ou confronto prévio. O Ministério Público foi acionado e, segundo o governador, todas as imagens das câmeras corporais dos agentes serão entregues à investigação.
Cláudio Castro afirmou que determinou investigações “com o máximo de rigor e agilidade” por parte da Polícia Civil e da Corregedoria da PM. Em nota, ele lamentou o ocorrido: “Me solidarizo com os familiares e amigos de Herus. Palavras não são suficientes diante de uma perda tão injusta”.
No sábado pela manhã, moradores protestaram na Rua Pedro Américo, pedindo justiça e denunciando o uso da força durante uma celebração comunitária. Até o momento, a Polícia Civil confirmou que nenhum dos feridos tem ligação com o tráfico de drogas, e nenhuma prisão foi efetuada. As armas dos policiais foram recolhidas para perícia.
A tragédia reacende o debate sobre o uso de força em áreas periféricas e o despreparo em operações que colocam vidas inocentes em risco — inclusive em momentos em que a comunidade se reúne para festejar, resistir e viver.