
Trump ameaça demitir presidente do Fed e pressiona por corte de juros nos EUA
Com críticas cada vez mais duras, republicano acusa Jerome Powell de errar nas decisões sobre a economia e diz que, se quiser, “tira rapidinho”
A tensão entre a Casa Branca e o Federal Reserve ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (18). Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, voltou a disparar críticas contra Jerome Powell, atual chefe do banco central americano, e cogita, junto com sua equipe, tirá-lo do cargo antes do fim do mandato, previsto para maio de 2026.
“Se eu quiser tirá-lo, ele sai rapidinho. Acredite”, disparou Trump, durante uma reunião com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Segundo Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, a questão ainda está sendo avaliada por Trump e seus assessores.
O estopim da nova onda de críticas veio após Powell divulgar projeções indicando alta da inflação e sugerir a manutenção da taxa de juros em patamar elevado. Trump, por outro lado, insiste que os juros devem cair — especialmente agora que, segundo ele, “os EUA estão ganhando dinheiro com as tarifas” impostas a outros países.
Na quinta-feira, o presidente não poupou palavras ao chamar Powell de “sempre atrasado e errado”. Apesar das ameaças, Trump evitou afirmar se pretende realmente destituí-lo antes do fim do mandato. Em dezembro passado, chegou a dizer à NBC News que não tinha essa intenção — mas agora o tom mudou.
Legalmente, a situação é controversa. A lei que criou o Federal Reserve em 1913 permite a demissão de seus dirigentes apenas por “justa causa”. Powell, ciente disso, já declarou publicamente que sua eventual retirada do cargo sem esse fundamento seria ilegal — e, em última instância, a questão pode parar na Suprema Corte dos EUA.
Enquanto isso, o mercado segue atento: qualquer sinal de instabilidade no comando do Fed pode influenciar diretamente decisões no Brasil, como o rumo da taxa Selic, além de afetar empresas e investidores ao redor do mundo.