
Trump ameaça usar lei do século 19 para conter protestos em Los Angeles
Presidente americano cita a Lei da Insurreição de 1807 para justificar possível uso de militares nas ruas; medida remete a momentos críticos da história dos EUA
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (10) que pode recorrer à antiga Lei da Insurreição, de 1807, para autorizar a atuação das Forças Armadas no policiamento de Los Angeles, cidade onde protestos têm ganhado força. Segundo Trump, a medida será considerada caso seja caracterizada uma insurreição em andamento.
“Se isso for de fato uma insurreição, certamente invocarei a lei”, disse ele na Casa Branca, ao comentar os episódios recentes nas ruas da cidade. “A noite passada foi horrível. E a anterior também.”
A legislação em questão permite que o presidente mobilize tropas dentro do país para reprimir agitações civis ou rebeliões — algo raro, mas com precedentes históricos marcantes. A última vez que foi usada ocorreu em 1992, também em Los Angeles, após a absolvição dos policiais envolvidos na agressão ao motorista negro Rodney King. Naquele caso, o então governador da Califórnia havia pedido formalmente ajuda federal.
Desta vez, a situação é diferente. Trump ordenou o envio de 700 fuzileiros navais para a cidade, oficialmente para proteger propriedades e funcionários federais durante as manifestações, que explodiram após uma nova onda de prisões de imigrantes. Além disso, anunciou que 2 mil membros da Guarda Nacional também estão prontos para atuar.
O presidente voltou a criticar o governador da Califórnia, Gavin Newsom, com quem disse ter conversado recentemente. Mesmo sem o aval do governo estadual, Trump insiste na possibilidade de agir por conta própria.
Altos nomes da Casa Branca, como o vice-presidente J.D. Vance e o conselheiro Stephen Miller, já começaram a rotular os protestos como “insurreição” — o que serviria de base legal para a aplicação da lei.
Vale lembrar que, em 1965, o então presidente Lyndon Johnson usou o mesmo recurso para proteger manifestantes dos direitos civis no Alabama, mesmo sem a solicitação do governador local.
Enquanto isso, os protestos seguem intensos, com confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Imagens recentes mostram carros em chamas e fogos de artifício sendo lançados contra policiais.
A possível ativação da Lei da Insurreição reacende debates sobre os limites do poder presidencial e a repressão federal a movimentos populares — principalmente em contextos politicamente sensíveis como o atual.