
Trump chama Powell de teimoso, mas diz que não pretende demiti-lo
Mesmo com críticas sobre os juros, presidente dos EUA afirma que vai esperar o fim do mandato do chefe do Fed, previsto para 2026
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a quem chamou de “completo teimoso”, mas garantiu que não pretende demiti-lo antes do fim do mandato, previsto para maio de 2026.
“Por que eu faria isso?”, disse Trump, em entrevista ao programa Meet the Press, exibido neste domingo (4). “Em breve, vou poder substituí-lo naturalmente.”
Apesar do tom ácido, Trump indicou que vai seguir o caminho institucional. O comentário ocorre em meio a um cenário econômico tenso, com o mercado reagindo ao aumento de tarifas e à expectativa de que o Fed mantenha os juros estáveis em sua reunião nesta semana (dias 6 e 7). Na última sexta (2), dados do governo mostraram um avanço no mercado de trabalho, com a criação de 177 mil empregos em abril — o que pode reforçar a decisão de manter os juros no mesmo patamar.
Trump, no entanto, insiste que Powell resiste a reduzir as taxas por questões pessoais. “Ele não gosta de mim. É isso. Ele não corta os juros porque tem birra comigo”, afirmou.
O presidente revelou que, nos bastidores, seus conselheiros econômicos têm pedido cautela e sugerido evitar atritos públicos com o Fed. Um deles é o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que teme reações negativas do mercado caso Trump insista em ameaçar Powell. Em abril, o republicano chegou a escrever nas redes sociais que “a demissão de Powell não pode chegar rápido o suficiente” e disse a jornalistas que, se quisesse, “ele sairia rapidinho”.
Mesmo assim, Trump recuou neste domingo, indicando que deve cumprir a promessa de estabilidade à frente do banco central.
Na mesma entrevista, ele defendeu sua política de tarifas, afirmando que muitas empresas estão voltando a produzir em solo americano. E deu a entender que as taxas podem virar uma política permanente. “Se acharem que essas tarifas vão acabar, ninguém vai investir aqui. Então talvez elas fiquem para sempre.”
Questionado novamente sobre a possibilidade de disputar um terceiro mandato — o que é proibido pela Constituição americana — Trump descartou a ideia. “Isso não está nos meus planos. Quero ter mais quatro anos de governo e passar o bastão para um grande republicano”, afirmou, citando os nomes do vice-presidente JD Vance e do secretário de Estado Marco Rubio como possíveis sucessores.