Trump pode realmente enviar criminosos americanos para prisões em El Salvador?

Trump pode realmente enviar criminosos americanos para prisões em El Salvador?

Proposta de Bukele chama a atenção, mas enfrenta desafios legais

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que está analisando a possibilidade de enviar criminosos condenados nos EUA para cumprir pena em El Salvador. A ideia surgiu após o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, oferecer seu país para abrigar tanto imigrantes irregulares deportados pelos EUA quanto prisioneiros condenados, incluindo cidadãos americanos.

A proposta foi apresentada durante uma visita do secretário de Estado americano, Marco Rubio, a El Salvador. Rubio chamou a oferta de Bukele de “um acordo sem precedentes, o mais extraordinário do mundo”, e Trump mostrou interesse, mas reconheceu que há barreiras legais para que isso se concretize.

“Só estou dizendo que, se tivermos o direito de fazer isso, eu faria num piscar de olhos”, declarou Trump, acrescentando que sua equipe jurídica está analisando a viabilidade da medida.

A megaprisão de Bukele e o interesse americano

Caso a proposta avance, os presos americanos seriam enviados para a megaprisão de El Salvador, o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot). Essa instalação de segurança máxima foi inaugurada em 2023 e pode abrigar até 40 mil detentos.

Bukele destacou que El Salvador aceitaria apenas criminosos condenados e que o país cobraria uma taxa pelo serviço. As condições da prisão, no entanto, são alvo de críticas por grupos de direitos humanos. Presos vivem em celas superlotadas, sem janelas, e passam quase o tempo todo confinados.

Barreiras legais e incertezas sobre a proposta

Especialistas afirmam que, do ponto de vista legal, enviar cidadãos americanos para cumprir pena no exterior não é simples. Nos Estados Unidos, cidadãos nascidos no país não podem ser deportados. Já aqueles que obtiveram a cidadania por naturalização podem perder esse status caso seja comprovado que obtiveram a nacionalidade de forma fraudulenta ou se estiverem ligados a organizações terroristas.

Residentes permanentes legais (portadores do green card) têm uma situação mais vulnerável. Eles podem ser deportados caso cometam crimes graves, como tráfico de drogas, assassinato ou participação em grupos criminosos. O governo Trump já classificou gangues como a MS-13 e o Tren de Aragua como organizações terroristas, o que poderia abrir brechas para a deportação de membros dessas facções.

Apesar das incertezas, a proposta de Bukele caiu nas graças de Trump, que busca reforçar sua postura rígida contra a criminalidade e a imigração ilegal. No entanto, ainda não está claro se os Estados Unidos terão base legal para concretizar esse acordo.

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