
Trump volta a fechar as portas dos EUA para cidadãos de 12 países — e outros 8 enfrentam restrições
Em decreto polêmico, presidente justifica medida como proteção à segurança nacional; Cuba, Venezuela e mais seis países também entram na mira com restrições extras.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu uma velha e controversa chama do seu primeiro mandato. Nesta quarta-feira (4), ele assinou um decreto que proíbe a entrada de cidadãos de 12 países em território americano. A nova regra passa a valer já na próxima segunda-feira.
Na lista dos países completamente vetados estão Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen.
Mas não parou por aí. Outros oito países — Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela — não chegaram a ser totalmente banidos, mas sofrerão restrições adicionais para entrada nos EUA.
Em tom enfático, Trump alegou que a decisão foi tomada “para proteger a segurança nacional e os interesses do povo americano”.
O decreto não economiza nas críticas, especialmente a Cuba, classificada como “patrocinadora do terrorismo” e acusada de se recusar a colaborar na troca de informações e no processo de repatriação de seus cidadãos expulsos dos EUA. Já a Venezuela, segundo o texto, vive um caos burocrático, sem uma autoridade central capaz de emitir documentos oficiais confiáveis — além de também rejeitar a repatriação de seus próprios cidadãos deportados.
Atentado reacende discurso de segurança
A faísca para a medida, segundo o republicano, foi o ataque ocorrido no último domingo, no Colorado. Um homem egípcio, que estava em situação irregular após permanecer no país com visto de turista vencido, feriu dezenas de pessoas com um lança-chamas improvisado durante uma manifestação em solidariedade aos reféns israelenses em Gaza.
Em um vídeo publicado nas redes, Trump não perdeu tempo para reforçar seu discurso:
“O ataque terrorista em Boulder revelou o risco absurdo que corremos ao permitir a entrada de estrangeiros que não passam por uma verificação rigorosa.”
Curiosamente — e não por acaso — o Egito, país de origem do autor do atentado, não entrou na lista de vetos. Afinal, trata-se de um parceiro estratégico dos EUA no Oriente Médio.
Velha fórmula, novo decreto
A decisão não caiu do nada. Logo no dia 20 de janeiro, na sua posse, Trump já havia assinado um documento ordenando que o Departamento de Estado, o Departamento de Segurança Interna e o Diretor de Inteligência Nacional avaliassem quais países mantinham “atitudes hostis” contra os EUA, além de avaliar riscos à segurança. O resultado foi divulgado agora.
Trump fez questão de comparar esse novo bloqueio à famosa política migratória que marcou seu primeiro mandato — aquela que ficou conhecida como “muslim ban” — quando barrou cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Iraque, Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália e Iêmen.
“Não vamos permitir que os mesmos erros que devastaram a Europa se repitam aqui. Não podemos aceitar imigração aberta de países onde não temos como garantir uma triagem segura”, reforçou Trump.
De volta aos tribunais?
Quem viveu sabe: na primeira vez que implementou uma medida desse tipo, o caos tomou conta dos aeroportos americanos. Visitantes que já estavam em viagem foram barrados na entrada, estudantes, professores, profissionais e até turistas ficaram presos em salas de imigração ou foram mandados de volta.
Depois de uma longa batalha judicial, o decreto original foi reformulado até ser validado pela Suprema Corte em 2018.
O histórico mostra que, se depender de grupos de direitos civis, advogados de imigração e até alguns setores econômicos, essa nova ordem executiva deve enfrentar resistência — e possivelmente, de novo, acabar nos tribunais.