
Turismo executivo? TCU quer saber quem viajou com o chefão da Previ pelo mundo
Com suspeitas de regalias e “amizades de mercado”, Tribunal recomenda que PF e MPF investiguem lista de passageiros dos voos internacionais de João Fukunaga, presidente do fundo de pensão do Banco do Brasil.
O Tribunal de Contas da União (TCU) parece ter começado a desconfiar que as asas dos altos executivos da Previ — o bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil — andam batendo longe demais. Em uma sessão que mais parecia um pedido de passagem só de ida para a transparência, o ministro Bruno Dantas sugeriu que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal deem uma olhada cuidadosa na lista de passageiros dos voos feitos por João Fukunaga, o presidente da Previ. E não estamos falando de ponte aérea para Brasília.
O alarme foi disparado pelo relator da auditoria, ministro Walton Alencar Rodrigues, que viu sinais mais do que suspeitos nas viagens internacionais de Fukunaga. O executivo voou para Japão e Portugal — não exatamente destinos baratos — para o que foi descrito como “íntima confraternização” com figurões do mercado financeiro. Aquela coisa de amizade com champanhe e investimento alheio.
O TCU decidiu, por unanimidade, transformar a apuração preliminar numa auditoria completa. Agora, tudo está nas mãos do MPF, da PF e da CGU, que devem investigar os passos (e os assentos) do presidente da Previ e, talvez, de alguns acompanhantes sortudos.
A suspeita que ronda os corredores do tribunal é de que os investimentos do fundo estariam sendo usados como trampolim para garantir cargos de luxo em conselhos de empresas — uma dessas é a Vibra, antiga BR Distribuidora, onde a Previ resolveu comprar ações. Coincidência ou jogo de cartas marcadas?
Bruno Dantas foi direto: o TCU até tem olhos atentos, mas não tem ferramentas para colher dados de passageiros diretamente das companhias aéreas. Mas MPF e PF, segundo ele, têm tudo para levantar quem voou, para onde, e com que intenção.
A Previ, como era de se esperar, se defendeu dizendo que os investimentos seguiram “critérios técnicos”. Só esqueceram de explicar se os critérios incluíam networking internacional e apertos de mão com empresários em destinos turísticos de luxo.
Enquanto isso, os beneficiários do fundo, que confiam no bom uso de seus recursos, seguem aguardando explicações — de preferência, antes da próxima viagem executiva.