Turma do STF mantém nulidade de atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, mas processos continuam

Turma do STF mantém nulidade de atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, mas processos continuam

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, com um apertado placar de 3 a 2, manter os processos da Operação Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, mas com um detalhe que, para muitos, é um soco no estômago da justiça: os atos cometidos irregularmente pelos procuradores da Lava Jato continuam anulados. É como se o crime estivesse ali, à vista de todos, mas o processo fosse tratado com a delicadeza de quem manuseia uma porcelana frágil, colocando cada peça no lugar de forma a não causar mais desconforto.

A decisão caiu nas mãos dos juízes de primeira instância, que agora têm a “responsabilidade” de decidir se devem ou não encerrar as investigações contra Odebrecht. Ou seja, passaram a batata quente para o andar de baixo. É revoltante pensar que, mesmo com provas e mais provas coletadas, quem está sendo julgado aqui são os atos dos procuradores e não os envolvidos no maior esquema de corrupção do país. Os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, ao lado de Nunes Marques, bateram o martelo para que as investigações pudessem, quem sabe, ser retomadas. Mas o estrago já estava feito: a nulidade dos atos da Lava Jato foi mantida.

Nunes Marques, com seu voto “equilibrado”, seguiu o caminho de Toffoli e Gilmar Mendes, mas com a sutileza de uma raposa astuta. Ele concordou em anular os atos processuais, mas empurrou para outros juízes a decisão final sobre o encerramento das investigações. Enquanto isso, o acordo de colaboração premiada de Odebrecht continua intocado. Aparentemente, a única coisa imutável em todo esse enredo é a impunidade.

Em maio, Toffoli já havia jogado a toalha, anulando todos os atos contra Odebrecht e encerrando as investigações. Claro, o motivo? Um conluio entre Sergio Moro e os procuradores, o que, segundo Toffoli, seria uma abominação no Estado Democrático de Direito. Parece até piada: os bandidos usaram o próprio sistema contra si e venceram. A Lava Jato, que decolou com a força de uma locomotiva para desmascarar corruptos, agora está sendo tratada como o vilão da história. A sensação de impotência é como ver a justiça ser costurada com fios podres.

Gilmar Mendes, o decano, reforçou o coro, afirmando que a condenação de Odebrecht foi fruto de uma “estratégia” para inviabilizar sua defesa, numa aliança entre Moro e os procuradores. E, novamente, a investigação virou o réu.

Por outro lado, Fachin e André Mendonça, em um grito de resistência, discordaram. Mas no final das contas, a sensação que fica é de um barco à deriva, onde as águas da impunidade afogam a sede de justiça. A Lava Jato, que antes era o símbolo de uma esperança de mudança, agora se vê envolvida em um lamaçal jurídico que parece cada vez mais impermeável.

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