Uma jovem de Belo Horizonte foi baleada depois que seu pai, dirigindo uma Mercedes, errou o caminho no Rio de Janeiro, orientado pelo GPS
Vítima e seu pai foram ao Rio tirar visto para os EUA. Ele errou o caminho e foi parar no Complexo da Maré
É de uma revolta que não dá para esconder. Uma adolescente de 14 anos, uma menina que tinha acabado de sair do consulado dos EUA no Rio de Janeiro, foi baleada sem mais nem menos. Ela e o pai, moradores de Belo Horizonte, estavam na cidade apenas para tirar o visto, algo que deveria ser uma burocracia cansativa, não um pesadelo. Mas por um erro banal no GPS, eles se viram entrando em uma das áreas mais perigosas da cidade, o Complexo da Maré, como alguém que entra sem querer em uma jaula cheia de lobos famintos.
O pai, ao perceber onde estava, já sentiu o gelo na espinha. Homens e adolescentes armados até os dentes vigiavam as ruas, prontos para disparar ao menor movimento suspeito. E foi exatamente o que aconteceu. Ao tentar sair dali, o carro foi alvejado por tiros. Um deles acertou a jovem, ferindo sua lombar. É como se a violência que corrói o Rio de Janeiro estivesse à espreita, esperando o menor erro, a menor brecha, para mostrar sua face cruel e impiedosa.
O que é ainda mais ultrajante é a banalidade com que isso acontece. A adolescente foi socorrida por policiais e levada ao hospital, onde seu estado é estável. Mas os atiradores? Nem sombra deles. Ninguém preso, ninguém identificado. Mais um episódio que se junta a tantos outros, onde vidas são marcadas para sempre pela violência desenfreada. E o que resta para nós? Indignação, revolta e a sensação amarga de que, no Rio de Janeiro, basta um pequeno erro de rota para que você esteja a um passo da tragédia