Vacina de spray nasal está em fase de apresentação documentos para Anvisa ( 2022 )

Vacina de spray nasal está em fase de apresentação documentos para Anvisa ( 2022 )

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão avançando na produção de lotes-piloto de uma vacina em formato de spray nasal para combater a COVID-19. Essa forma de imunização visa estimular a produção de anticorpos nas mucosas nasais, o que poderia interromper a transmissão do vírus e prevenir a infecção. O projeto, desenvolvido totalmente no Brasil, recebeu financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e faz parte da RedeVírus MCTI, que busca desenvolver novas tecnologias e vacinas.

A pesquisa, coordenada pelo professor Jorge Kalil Filho, do Instituto do Coração da USP, já apresentou o dossiê à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os ensaios clínicos. Atualmente, os pesquisadores estão reunindo documentos que comprovem a produção dos lotes-piloto em conformidade com as boas práticas de fabricação, um requisito importante para a autorização dos testes clínicos. Eles também estão em negociação com a indústria farmacêutica nacional para futura produção em larga escala.

A vacina em spray nasal visa produzir anticorpos chamados de imunoglobulinas A (IgA) nas mucosas da orofaringe (nariz, boca e garganta). Isso permite que o organismo desenvolva sua defesa nas primeiras vias respiratórias, neutralizando a ação viral. O spray estimula a resposta imunológica local, impedindo a proliferação do vírus no nariz e, consequentemente, sua transmissão para outras pessoas e a infecção dos pulmões.

A equipe de pesquisa, composta por cerca de 30 cientistas, realizou estudos sobre a resposta imune para determinar o antígeno presente na vacina. Após mais de 50 formulações, eles identificaram uma que alcança as mucosas nasais com maior eficácia. O antígeno é sintético e foi definido a partir de uma parte específica da proteína spike do vírus SARS-CoV-2, conhecida como RBD (Receptor Binding Domain). Os pesquisadores também estudaram o genoma do vírus e identificaram fragmentos que estimulam uma resposta imune robusta, tanto nas células auxiliadoras quanto nas células citotóxicas.

Segundo Kalil, a vacina em spray nasal pode ajudar a conter a transmissibilidade do vírus, mesmo em pessoas vacinadas que possam se reinfectar e transmitir a doença. As vacinas intramusculares protegem o organismo de forma sistêmica, mas têm pouca capacidade de gerar resposta imunológica nas mucosas da face. A vacina em spray nasal também foi projetada para ser adaptável às variantes do vírus.

Além disso, a aplicação por spray nasal pode ser mais aceitável para certos grupos da população, como crianças. O coordenador da pesquisa destaca que a tecnologia intranasal pode ser usada para desenvolver vacinas contra outras doenças, como a gripe e o vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta principalmente recém-nascidos e crianças pequenas, causando infecções respiratórias e bron .

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