Venda de sentenças no STJ expõe esquema de corrupção “mais complexo e articulado”, diz PF

Venda de sentenças no STJ expõe esquema de corrupção “mais complexo e articulado”, diz PF


Investigação mira lobistas, magistrados e operadores ligados a gabinetes do STJ; Polícia Federal pede mais 60 dias para aprofundar apurações sob relatoria de Zanin

A Polícia Federal solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mais 60 dias para avançar na apuração de um esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo os investigadores, o caso deixou de ser um conjunto de “episódios isolados” e passou a revelar um sistema de corrupção com engrenagens muito mais complexas do que se imaginava no início.

Antes, o que parecia um simples compartilhamento irregular de minutas entre advogados e lobistas agora aponta para uma rede bem mais robusta — com empresários, operadores financeiros e até integrantes do Judiciário envolvidos em um suposto balcão de sentenças.

Em relatório enviado ao STF, a PF destacou que a análise financeira em andamento revelou novas pistas que aprofundam a gravidade das suspeitas, justificando não só a extensão da investigação como também a sua manutenção sob supervisão da Corte.

A investigação, que tramita sob sigilo e está sob os cuidados de Zanin, envolve nomes de desembargadores do Mato Grosso e ex-servidores de quatro gabinetes do STJ. Um deles é o do ministro Paulo Moura Ribeiro, citado nas apurações. Outros gabinetes atingidos são os de Isabel Gallotti, Og Fernandes e Nancy Andrighi — o que tem causado inquietação nos corredores da Corte.

O estopim do escândalo foi a movimentação financeira suspeita do motorista João Batista Silva, que recebeu mais de R$ 2,6 milhões de uma empresa do lobista Andreson Gonçalves — personagem central no caso. O detalhe chocante é que Batista, apesar das cifras milionárias, foi beneficiário do auxílio emergencial durante a pandemia.

Andreson está preso na penitenciária federal de Brasília, enquanto sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. A PF acredita que o casal usava contas de laranjas e saques em espécie para lavar dinheiro oriundo das manipulações judiciais.

O delegado Marco Bontempo, responsável pelo inquérito, afirma que os crimes já identificados e os que ainda podem emergir justificam não apenas a prorrogação das investigações, mas também a manutenção das medidas cautelares contra os envolvidos.

Na próxima segunda-feira (12), o STF deve decidir se Andreson poderá deixar a prisão federal para cumprir pena em regime domiciliar. Até agora, Zanin, Alexandre de Moraes e Flávio Dino já votaram para mantê-lo atrás das grades.

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