Vereador Oferece Carro Velho Como Indenização Por Xenofobia

Parlamentar diz não ter dinheiro suficiente e tenta acordo com veículo avaliado em R$ 19 mil

O vereador de Caxias do Sul (RS), Sandro Fantinel (PL), tentou oferecer um carro modelo Palio 2008, avaliado em R$ 19 mil, como forma de pagamento por um processo de danos morais. O político está sendo processado após fazer declarações preconceituosas contra trabalhadores baianos resgatados de condição análoga à escravidão.

A oferta representa apenas 10% do valor de R$ 200 mil pedido pelo Ministério Público Federal (MPF). A audiência de conciliação aconteceu de forma virtual na última quarta-feira (29), mas tanto o MPF quanto entidades sociais que movem a ação recusaram a proposta. As informações são do portal Metrópoles.

Fantinel afirmou estar disposto a “ficar a pé” para cumprir o acordo, justificando que não possui os recursos necessários. No entanto, em sua declaração de bens para as eleições de 2024, ele listou um patrimônio total de R$ 116 mil — um aumento significativo em relação a 2020, quando declarou apenas R$ 13 mil. O vereador também se ofereceu para viajar à Bahia e pedir desculpas pessoalmente ao governo do estado.

O processo contra Fantinel é por danos morais coletivos, e o valor da indenização será destinado ao Fundo de Direitos Difusos para financiar projetos sociais.

Relembre a Polêmica

Em fevereiro de 2023, durante uma sessão na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Sandro Fantinel fez declarações discriminatórias ao comentar o resgate de baianos que trabalhavam em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves (RS). Em sua fala, ele exaltou trabalhadores argentinos e criticou os baianos com estereótipos negativos.

“Todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e, no dia de ir embora, ainda agradecem ao patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam”, disse o vereador.

Em seguida, comparou negativamente os baianos: “Agora, com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente, que isso sirva de lição… Se estava tão ruim a escravidão, como que alguns do próprio grupo não quiseram ir embora?”

A declaração gerou forte repercussão, com manifestações de repúdio do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e de diversos parlamentares baianos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também se desculpou publicamente pelo ocorrido.

Diante da pressão popular, a Câmara de Caxias do Sul chegou a pautar a cassação do mandato de Fantinel, mas ele conseguiu manter o cargo e foi reeleito nas eleições municipais de outubro de 2024.