
Zambelli vira o jogo: de conta negativa a arrecadação relâmpago com vaquinha via Pix
Condenada a 10 anos de prisão pelo STF, deputada mobiliza apoiadores e levanta mais de R$ 160 mil em poucas horas para cobrir dívidas judiciais
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recorreu às redes sociais nesta segunda-feira (19) com um apelo direto: pediu contribuições via Pix para ajudar a pagar suas crescentes dívidas judiciais. A iniciativa rendeu frutos rapidamente — em cerca de cinco horas, a campanha já havia arrecadado mais de R$ 166 mil. Segundo ela, a conta bancária havia amanhecido no vermelho, com saldo negativo de R$ 14,8 mil.
Zambelli enfrenta uma série de processos. Na semana passada, foi condenada pela Primeira Turma do STF a 10 anos de prisão e ao pagamento de R$ 2 milhões em multas por participação na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, em ação conjunta com o hacker Walter Delgatti Neto. A parlamentar também foi sentenciada à perda do mandato, mas ainda pode recorrer da decisão.
“Hoje venho aqui com o coração apertado, mas com coragem para enfrentar tudo de cabeça erguida”, desabafou em suas redes. “Vivo do salário de deputada, que não é baixo, mas com tantas multas fica impossível manter as contas em dia.”
Em meio à enxurrada de processos, Zambelli revelou que já responde a mais de 20 ações na Justiça Eleitoral por disseminação de fake news. “Na semana passada, tive que pagar uma multa de R$ 44 mil. Meu pai precisou vender o carro para me ajudar”, relatou. Ela ainda mencionou outro caso, no qual foi condenada por porte ilegal de arma, recebendo mais cinco anos de prisão, nova perda do mandato e uma multa de R$ 480 mil.
Apesar da arrecadação expressiva, a deputada afirmou que o valor “não cobre nem de longe as penalidades que o STF quer impor”. Segundo ela, as dívidas judiciais já ultrapassam os R$ 4 milhões.
Zambelli está repetindo um modelo já usado por Jair Bolsonaro, que levantou mais de R$ 17 milhões com doações via Pix de seus apoiadores. Recentemente, o ex-presidente alegou ter usado parte da quantia para cobrir despesas do filho Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Na esteira disso, o ex-ministro Gilson Machado voltou a pedir ajuda financeira para o ex-presidente, dizendo que os custos com advogados, médicos e viagens continuam pesando.
Com o apelo público e o apoio de sua base, Zambelli transforma sua situação jurídica em uma campanha de solidariedade digital — um movimento que, para seus seguidores, é visto como resistência; para seus críticos, como sinal de desespero.