Zanin chama de “excepcional” decisão de lacrar celulares em julgamento do 8 de Janeiro

Zanin chama de “excepcional” decisão de lacrar celulares em julgamento do 8 de Janeiro

Ministro sinaliza que medida inédita não deve se repetir nas próximas sessões do STF sobre os atos golpistas.

O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin, afirmou nesta segunda-feira (28) que a decisão de lacrar celulares durante o julgamento da trama golpista, realizada na semana passada, foi algo “excepcional” e fruto de um consenso entre os ministros do colegiado. A informação foi repassada a representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) durante uma reunião em Brasília.

Zanin sinalizou ainda que, nos próximos julgamentos envolvendo as investigações sobre os atos de 8 de janeiro, a medida extrema pode não se repetir. Segundo relatos obtidos pela coluna, ele teria indicado que a restrição foi uma resposta a circunstâncias muito específicas daquele dia.

Em nota oficial, o STF explicou: “O ministro Zanin expôs que tomou uma decisão com base no poder de polícia do presidente da Primeira Turma, após consenso entre os integrantes do colegiado, diante de questões específicas daquele julgamento.” A Corte destacou que o lacre dos celulares foi necessário para proteger a liturgia da sessão, garantir o andamento dos trabalhos e respeitar uma decisão anterior do ministro relator, que proibiu o uso da imagem de um dos denunciados.

A tensão entre o Supremo e a OAB cresceu após o episódio. Advogados, jornalistas, investigados e até o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) tiveram de entregar seus aparelhos na entrada da Primeira Turma — algo nunca antes visto na história da Corte.

O episódio aconteceu durante o julgamento do chamado “núcleo de gerenciamento de ações” da tentativa de golpe. Agora, a expectativa é para os próximos dois julgamentos relacionados ao 8 de Janeiro: nos dias 6 e 7 de maio, será a vez do núcleo da desinformação, e, em 20 e 21 de maio, o núcleo de ações táticas, que inclui o grupo conhecido como “kids pretos”.

Com o episódio ainda fresco, a promessa de que o lacre dos celulares pode não se repetir traz algum alívio, mas também deixa no ar a certeza de que o clima de tensão em torno dos atos golpistas ainda está longe de arrefecer.

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