
Zema exige a cabeça de Lupi e questiona Lula: “Tá com medo de quê?”
Governador de Minas reage com indignação a fraude bilionária no INSS e cobra demissão do ministro da Previdência, enquanto o envolvimento de sindicato ligado à família de Lula entra no radar da PF.
O governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, não poupou críticas ao presidente Lula (PT) nesta quinta-feira (1º), data em que se celebra o Dia do Trabalhador. Em tom de indignação, Zema declarou estar “de luto” pelos aposentados e pensionistas vítimas de um esquema nacional que desviou cerca de R$ 6 bilhões por meio de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
“Hoje não é dia de comemorar, é dia de lamentar. Trabalhadores que suaram a vida toda foram lesados. E pra quê? Pra financiar luxo, carro de grife, joias, obras de arte. Um verdadeiro escárnio”, disparou Zema em um vídeo nas redes sociais. Usando uma camiseta com a frase “1º de Maio de Luto”, ele ainda trocou sua foto de perfil por um símbolo de luto.
Mas sua fala mais incisiva foi direcionada ao presidente Lula, ao cobrar a demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi. “O que Lula tá esperando pra agir? Tá com medo de quê? Que a investigação esbarre em mais gente próxima dele? Eu não me calo”, criticou.
Carlos Lupi, por sua vez, disse em audiência na Câmara dos Deputados que não tinha plena ciência das irregularidades no INSS, mas alegou que as investigações começaram sob sua gestão e declarou ser contrário à prática do instituto intermediar descontos para associações.
Mesmo com pressão crescente, Lula tem optado por manter Lupi no cargo. Segundo aliados, o presidente só cogita demissões diante de denúncias formais ou evidências graves apresentadas pelo Ministério Público. Além disso, há uma questão política envolvida: Lupi é presidente de honra do PDT, legenda que apoiou Lula no segundo turno das eleições de 2022. A retirada do ministro pode causar um racha na base aliada, conforme sinalizou o deputado Mário Heringer (PDT-MG).
Outro ponto delicado envolve o Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), citado em relatório da Polícia Federal. A entidade, cujo vice-presidente é Frei Chico — irmão de Lula —, é acusada de aplicar descontos em benefícios sem cumprir exigências técnicas, como a validação da biometria facial. Apesar de gerir a associação, Frei Chico não é investigado diretamente.
A chamada “solução biométrica transitória”, liberada pelo INSS, permitiu novos descontos mesmo sem a devida validação, o que, segundo apurações, contribuiu para o avanço das fraudes.
Enquanto isso, o luto simbólico de Zema expõe um clima de revolta que vai muito além da oposição política — toca diretamente no bolso e na dignidade de milhões de aposentados brasileiros.